segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Se por acaso (me vires por aí)

Se por acaso me vires por aí
Disfarça, finge não ver
Diz que não pode ser, diz que morri
Num acidente qualquer
Conta o quanto quiseste fazer
Exalta a tua versão
Depois suspira e diz que esquecer
É a tua profissão

E ouve-se ao fundo uma linda canção
De paz e amor

Se por acaso me vires por aí
Vamos tomar um café
Diz qualquer coisa, telefona, enfim
Eu ainda moro na Sé
Encaixotei uns papéis e não sei
Se hei-de deitar tudo fora
Tenho uma série de cartas para ti
Todas de uma tal de Dora

E ouvem-se ao fundo canções tão banais
De paz e amor

Se eu por acaso te vir por aí
Passo sem sequer te ver
Naturalmente que já te esqueci
E tenho mais que fazer
Quero que saibas que cago no amor
Acho que fui sempre assim
Espero que encontres tudo o que quiseres
E vás para longe de mim

E ouve-se ao fundo uma velha canção
De paz e amor

Na sexta-feira acho que te vi
À frente da Brasileira
Era na certa o teu fato azul
E a pasta em tons de madeira
O Tó talvez queira te conhecer
Nunca falei mal de ti
A vida passa e era bom saber
Que estás em forma e feliz

E ouve-se ao fundo uma triste canção
De paz e amor

JP Simões

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

O Maior País do Mundo

É verdade que, tendo em conta o título deste texto, me podem acusar de publicidade enganosa. No entanto, verão que tal tem a sua justificação. “Muitos parabéns! Acabou de ser a quinquagésima terceira pessoa a considerar o nosso país como o maior do mundo. Tal facto é digno de uma entrada directa no livro do Guinness”. Foram estas as palavras que me ecoaram no cérebro em meados do mês passado. Estava eu colado ao computador e com a televisão ligada, quando me deparo com mais uma notícia de qualidade e valor noticioso inegáveis – “Portugal tem o maior assador de castanhas do mundo”. Como não poderia deixar de ser, prosperou em mim um sentimento de patriotismo e orgulho que nunca antes havia sentido. O meu corpo sorriu e senti-me pertencente ao povo mais culto e inteligente do planeta. Afinal, construímos o “maior assador de castanhas do mundo que pesa, nada mais, nada menos, que 650 kg!!!”.

Mas o nosso peso na inteligência guinnessiana não fica por aqui. O mesmo povo que deu “novos mundos ao mundo”, que partiu em busca do desconhecido, que atravessou mares e oceanos, desertos e fronteiras, que lutou bravamente contra o Adamastor, que defendeu até à morte as cinco chagas de Cristo que trazia ao peito, volta hoje a ser um dos mais fortes e temidos países do mundo!

Súbditos, ajoelhem-se perante a nossa grandiosidade messiânica! Nós detemos em nosso poder a mesa mais comprida do mundo! É verdade, mais de 15 mil pessoas na Ponte Vasco da Gama, a maior da Europa, sentaram-se a uma mesa de 5.050 metros de comprimento para saborear uma magnífica feijoada – também ela a maior do mundo. Diz-se que nesse dia – 22 de Março de 1998 – apesar de a ponte estar fechada ao trânsito, foram atingidas elevadas velocidades e variados rebentamentos.

Como nós não gostamos de ficar atrás de ninguém, sete meses depois, nos dias 22, 23 e 24 de Outubro, uma indivíduo pôs mãos à obra e preparou a maior refeição do mundo sem ajuda! Que grande feito! Foram 50 horas e 30 minutos de preparação de um almoço para 1.081 pessoas. Sobrou uma dose, por isso é que aquele 1 surgiu ali no final.

Continuando na área que mais nos apraz, muito por culpa de génios da cozinha como o Chef Silva, Carlos Capote ou Filipa Vá Com Deus, de realçar que o nosso espólio conta com os maiores torresmos da Península Ibérica, o maior bolo-rei do mundo, o maior magusto do mundo e a maior sopa do mundo – um tradicional gaspacho alentejano preparado em Cercal do Alentejo. Para acompanhar, nada melhor que beber do maior copo de vinho do mundo. Também Viseu contribui para a nossa vitrina de recordes, tendo confeccionado o maior pão com chouriço do mundo, com 970 metros!

O tamanho do chouriço foi, neste caso, um factor de alegria para todos. No entanto, muitos não se controlam e o caso toma outros contornos. Que o diga um bode, detentor dos maiores chifres do mundo! São 1,09 metros de galhos na cabeça. Não deve ser fácil… Os outros animais emocionaram-se com a situação e convocaram manifestações, entre elas, uma largada de touros que durou 25 horas seguidas, em Samora Correia.

Como estes protestos de animais podem não parecer muito reais – mas que as há, há! e não são poucas – nada melhor do que proporcionar ao mais comum dos mortais uma viagem pelo mundo da magia. Foi isso que fez Luís de Matos, ensinando a 52 mil pessoas um método para fazer desaparecer 52.001 lenços, no dia 16 de Novembro de 2003 no Estádio do Dragão. Este honroso título tem o nome de “mais não-mágicos ensinados a fazer um truque num único local”. Que bonito! Parece uma frase do Saramago… O Estádio dos tripeiros, mais tarde, foi o local escolhido para atingir mais um estrondoso recorde e emocionante (perdoem-me as lágrimas) número de magia. Foi lançado o maior número de aviões de papel em simultâneo, no mesmo local.

Aproveitando a onda de fantasia, falemos do Benfica. Em 2006, o maior clube português foi considerado como o maior clube do mundo, após ter atingido o patamar de 160 mil sócios. Mas o desporto não se remete apenas ao futebol e, no hóquei, possuímos o jogador mais velho do mundo, com 71 anos, quase tantos quantos aqueles que separam o Benfica de um título.

Em 1999, Portugal uniu forças e construiu o maior logótipo humano do mundo (34.309 pessoas no dia 24 de Julho de 1999, no Estádio Nacional, para o logótipo da candidatura ao Euro 2004).

No entanto, quando falamos de desporto e recordes, não podemos omitir o nome de Gualdino Guerreiro. Duas vezes citado no “Guinness”, em 2002 e 2003, manteve uma bola de golfe suspensa num taco “sandwedge” durante uma hora, 19 minutos e 28 segundos em Pembrokeshire (Reino Unido) e em dois tacos, no mesmo local, durante 59 minutos e 58 segundos.

Que precisão entre bolas e tacos. Do mesmo se podem gabar os noivos que participaram na cerimónia que contou com o maior número de casamentos do mundo. As noivas, ou pelo menos uma delas, também se pode mostrar satisfeita visto que recebeu o maior bouquet de noiva do mundo. Eram rosas, senhor. O maior ramo de rosas com 518 flores, com 28,4 kg, obra de um florista português, pois claro! Resta saber quem entregou este ramo e a quem. Suspeita-se de alguém que tenha assistido ao maior desfile de biquini do mundo, na Figueira da Foz. Mais de 2.000 mulheres em biquini, no ano de 2004, é de colocar os olhos em bico.

Em bico ficou o maior canivete do mundo, obra portuguesa. Não se sabe se ajudou a construir a maior guitarra acústica do mundo ou a maior manta de retalhos do mundo, também obras genuinamente nacionais.

Contudo, podemos sempre guardar a maior colecção de souvenirs reais relacionados com a princesa Diana de Gales, propriedade de um português.

Também lá fora damos cartas. Que o diga José Melo, empresário que possui o mais alto monumento autóctone canadiano do mundo, o “Inukshuk”.

Por falar em estrangeiro e em aborígenes, não posso deixar de referir a ilha da Madeira, actualmente (e até que a morte os separe) governada por Alberto João Jardim. Foi lá, na passagem de ano de 2006 para 2007, que se realizou o maior espectáculo do mundo de fogo de artifício.

Em época natalícia, não podemos ficar para trás no que respeita a: (três opções) 1- ajuda aos mais desfavorecidos; 2- criação de boas condições de saúde; 3- bater recordes do Guinness. A resposta é… a terceira!!! Não só somos proprietários da maior árvore de Natal do mundo, como também temos em nosso poder (ah ah ah, sorriso maléfico!!!) a maior árvore artificial da Europa. Construímos um Pai Natal de 14 metros em Torres Vedras, levámos 14.100 pessoas a participar num desfile de Pais-Natal no Porto, e ainda enviámos 350 mil cartas para o Pai Natal na Lapónia!

Como a Lapónia fica tão longe quanto o nosso sublime passado, poucas hipóteses temos de receber alguma prenda. No entanto, e recordando alguns recordes históricos, podemos orgulhar-nos de fazermos parte do tratado mais antigo do mundo, o Tratado da Aliança Luso-Britânica, assinado em Londres a 16 de Junho de 1373 e ainda em vigor. D. Afonso Henriques é detentor do reinado mais longo da Europa e o príncipe da Coroa Luis Filipe (D. Luís II), dono do reinado mais curto, que durou apenas 20 minutos, em 1908.

Todos estes grandiosos feitos – e muitos outros que não consegui nomear – têm realçado, ao longo dos anos, as melhores qualidades do povo português. Bolos, castanhas, aviões de papel, árvores de Natal... Tudo isto dava um filme. Até podia ser realizado pelo Manoel de Oliveira, o realizador mais velho do mundo no activo, com 99 anos.

Gostaria de terminar este artigo de opinião com uma notícia de última hora! Preparem os confetti, segurem nas garrafas de Champanhe, rufem os tambores… Esta é “A Crónica Mais Longa Sobre Recordes Portugueses no Livro do Guinness”. Os meus sinceros parabéns a mim!

André Pereira

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Ouvi dizer

A cidade está deserta,
E alguém escreveu o teu nome em toda a parte:
Nas casas, nos carros, nas pontes, nas ruas.
Em todo o lado essa palavra
Repetida ao expoente da loucura!
Ora amarga, ora doce!
Para nos lembrar que o amor é uma doença,
Quando nele julgamos ver a nossa cura!


Ornatos Violeta

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

domingo, 23 de dezembro de 2007

sábado, 22 de dezembro de 2007

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Cimeira na tal Tenda

Estão três Reis Magos à conversa.

Pedro – Epa… Tanta luz ali à frente.
Ricardo – Fujam! Deve ser a bófia!
Pedro – Calma, calma (franzindo os olhos para tentar ver melhor). São estrelas. Uma, duas, três… (faz a contagem, apontando com o dedo) Doze estrelas! Vamos ver mais de perto.
Ricardo – ‘Bora! Robert, vens?
Robert – Ok, eu vou, mas aviso já que não falo!

Montados nos seus camelos, três reis atravessaram o longo deserto da margem sul, desafiando o sol ardente, a sede e inúmeros outros perigos para chegarem a Belém. O charmoso Pedro Santana Lopes, o africano Robert Mugabe e o cigano Ricardo Quaresma haviam visto doze estrelas brilhando no céu e, guiados por elas, iriam saudar o nascimento daquele que, segundo a profecia, seria o Rei dos Reis. Emocionados, cada um se ajoelha e oferece um presente.

Ricardo saudou o menino com ouro.
Após ter passado a minha infância a trabalhar na Feira de Carcavelos, trouxe o que de melhor arranjei. Não sei se gostas de brincos e de anéis, mas é o que tenho. Se quiseres mais, podemos negociar.

Robert trouxe incenso.
Entrego-te incenso, utilizado para louvar os deuses e encarado como um símbolo da realeza. No meu país todas as pessoas são tratadas como verdadeiros reis, possuindo o direito de voto. Só os animais e os brancos é que não.

Pedro ofereceu mirra, uma resina usada para perfumar e embalsamar.
Estava para te trazer uns frascos de gel e brilhantina, mas decidi-me pela mirra, que também dá um cheirinho agradável para quando saíres à noite.

Menino – Porreiro, pah! Gostei muito das vossas amáveis oferendas. Estou muito satisfeito. A tenda está com um bom clima, tem um bom espírito, o espírito de Lisboa! Estejam à vontade. Puxem a vós um fardo de palha e façam como se estivessem em vossa casa.

Maria – Não me sujem é os cortinados! Andei eu aqui a lavar o estábulo para o meu menino nascer, e isto já está tudo a ficar laranja. Deve ser da luz…

José – Não digas isso, Maria. Se não fossem as laranjas, eu não estava aqui nesta tenda tão quentinha.

Maria – Lá isso é verdade. Bem, façamos um brinde protocolar ao nosso anjinho e vamos a despachar que tenho de ir para Belém.

Ricardo – Espera lá, mas nós não estamos em Belém? Não foi aqui que o menino nasceu?

Mal Ricardo termina a sua frase, entra na tenda um homem, coberto por uma túnica branca longa e um chapéu esquisito na cabeça.
Boa noite meus senhores! Qual Belém qual quê… Estamos em S. Julião da Barra, o melhor local para passar uns dias de férias.

Burro – Desculpem lá incomodar. Mas vocês é que se enganam no caminho e o burro sou eu? O burro sou eu?

De repente, ouve-se um estrondo à entrada da tenda. Dezenas de homens armados entram na tenda, vasculham ao mais ínfimo pormenor todos os objectos da sala e algemam todos os presentes.
Vamos lá ver o que temos aqui… Uma lareira sem protecção, um burro falante, uma vaca que escreve livros, mirra (cheira com perspicácia) fora da validade, incenso (leva um bocadinho à língua) que não cumpre com as normas da União Europeia, e ouro (observa com atenção) falsificado. Vai tudo dentro!

André Pereira

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Monty Python - Every Sperm is Sacred

Let the heathen spill theirs

On the dusty ground.

God shall make them pay for

Each sperm that can't be found.

Happy Birthday! D'oh

Os Simpsons é uma série de desenhos animados que retrata o dia-a-dia de uma família norte-americana. Criado pelo cartunista Matt Groening para a emissora Fox Network, foi exibido pela primeira vez no dia 17 de Dezembro de 1989. Através dos protagonistas Homer, Marge, Bart, Lisa e Maggie, o programa faz críticas ao comportamento humano, à sociedade e ao modo de vida americano.

A série tem 400 episódios e 18 temporadas, o que a torna na mais antiga em exibição nos Estados Unidos. Recebeu inúmeros prémios desde que iniciou emissões, tais como: 23 Emmy Awards, 22 Annie Awards e um Peabody. Em 2000, o programa ganhou uma estrela no Passeio da Fama, em Hollywood. Em 1998, a revista Time elegeu-a como a melhor série televisiva do século.

Fonte:
A nossa amiga Wikipedia

domingo, 16 de dezembro de 2007

Deputados da Coreia do Sul à pancada

Deputados do Partido Nova Democracia Unida, que governa a Coreia do Sul, lutam com o maior partido da oposição, o Grande Partido Nacional. Mais de 100 deputados da oposição ocuparam o púlpito da Assembleia Nacional pelo segundo dia consecutivo, na tentativa de bloquearem uma moção que poderia pôr em risco a corrida presidencial do seu candidato, Lee Myung-bak.

Fonte: Público
Foto: Han Jae-Ho/Reuters

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Highway in Hell

Cheguei à rodoviária e estava tudo normal. Autocarros nas pistas, pessoas à espera e os funcionários na hora de almoço.

Como estava atrasado para apanhar o autocarro, corri o máximo que pude e consegui um honroso quarto lugar na fila da bilheteira. Como não poderia fazer nada, tive de manter a tranquilidade e aguardar a minha vez.

Passados uns minutos fui atendido. “Boa tarde, estou muito atrasado. Queria um bilhete para Lisboa!” Ao que responde a senhora, com toda a calma do mundo: “No próximo autocarro?”. Ora bem, eu estou super atrasado, coisa que até lhe disse e ela pergunta-me se quero ir no próximo autocarro!

“Sim, no próximo. Rápido, se faz favor”. Sabendo que estou atrasado, quero apanhar o próximo autocarro para Lisboa e não sou propriamente um adulto, coloca-me as seguintes questões: “Então o próximo sai dentro de 2 minutos”“É às quinze horas”“Com cartão-jovem?” “Não tem trocado?”“Espere um momento que não tenho moedas”“Então está fresquinho?”

Enquanto espero nervosamente o meu bilhete, ouve-se uma voz no altifalante da rodoviária (“Faaaaxabor grfff o prooóxchimnoo aauoutocccarro chggfffffchchhhhpara Carrazeddddde ctthchyhhde Anschixxxxiães encontra-se gffffff na lllinha 3sssss”). Há coisas que eu não percebo. Será que o senhor que fala pelo altifalante é surdo? Não só por falar muito alto como não se apercebe que as pessoas não entendem nada do que ele diz.

Ele pode dizer uma coisa completamente estúpida e as pessoas ficam na mesma: “Atenção, atenção! Temos a informação de que há setenta e três bombas nucleares na sala espera. Façam o favor de fugir” E todos se mantêm impávidos e serenos. Porquê? Porque não se entende nada do que ele diz!

Chego, finalmente, à pista onde se encontra o autocarro. Mais uma fila, para variar. Aliás, nós, os portugueses, estamos muito habituados a filas. Também podemos chamar de bichas, e ninguém pode negar que cada vez há mais.

“Quem vai para o Aeroporto põe as malas deste lado quem fica em Sete Rios põe daquele”. Ou seja, chega uma altura em que o autocarro se divide ao meio e começa a andar só com duas rodas. O que, por um lado, até é bom, tendo em conta o trânsito na segunda circular.

Entro no expresso e, como é natural, procuro um lugar para me sentar. Consegui ser um dos primeiros a entrar e há muitas cadeiras vazias. Escolho a que me agradar mais, tiro o casaco, poiso a mala, recosto o banco e fecho os olhos para descansar um pouco.

Há pessoas que eu não entendo. O autocarro vazio, eu sentado no meu banco, de olhos fechados. Se fosse de noite tinha medo de estar tão sozinho. E vem uma velha “Desculpe, está no meu lugar”.

Depois há outra coisa. O autocarro é o meio de transporte mais parecido com o povo português: tem sempre o relógio atrasado, tem duas televisões e nenhuma funciona, o ar condicionado só funciona no Inverno, a casa-de-banho ou não funciona ou está ocupada e o cheiro é bastante alternativo.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Soubesse eu


Soubesse eu este estado
Que me provoca o que minto
Não te traria onde trago
Nem sentiria o que sinto.

Soubesses o que me fazes
Pena pensar que tu mentes
Não me trarias onde trazes
Nem sentirias o que sentes.


Letras: André Pereira
Fotografia: Berthault-Jacquier

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

"Um Outro Olhar" no IPJ

Olhas-me com timidez… Baixas a cabeça, tapas a cara entre dedos de chocolate, e os teus lábios contrariam a lei da gravidade. Reages assim sempre que te espelho na minha memória fotográfica, no meu cristal reflectido, na minha lente tele-objectiva... Não te escondas de mim, não afastes os teus olhos dos meus, mais tarde ou mais cedo irei encontrar-te no meu view-finder.

Raul Vilar

Na próxima quarta-feira, proceder-se-á, no Instituto Português da Juventude, em Coimbra, à inauguração da exposição fotográfica “Um Outro Olhar”. Totalizando 49 fotografias, é composta por trabalhos da autoria de crianças e jovens portadores de deficiência mental de sete instituições particulares de solidariedade social (IPSS) da Região Centro.

A exposição, que se encontra integrada nas comemorações dos 70 anos do Instituto Superior Miguel Torga, conta com fotografias de crianças e jovens da Associação Portuguesa de Pais e Amigos das Crianças com Deficiência Mental (APPACDM) de Anadia, do Centro de Educação Integrada da Bela Vista, em Águeda, ambas no distrito de Aveiro; APPACDM de Coimbra, APPACDM de Soure, Associação para o Desenvolvimento e Formação Profissional de Miranda do Corvo (ADFP), CERCI Penela, todas no distrito de Coimbra; e CERCI Pombal, no distrito de Leiria.

Os jovens autores foram acompanhados por alunos da Licenciatura em Comunicação Social do Instituto Superior Miguel Torga, alunos que também cederam o material fotográfico necessário. A equipa de alunos do ISMT foi composta por Ana Carolina Correia, Ricardo Almeida, Manuel Marques, Igor Pinto, Carlos Constantino e Altino Pinto.

Entretanto, todos os alunos se licenciaram, e muitos pretendem seguir o território do foto-jornalismo. É o caso de Ricardo Almeida, que já trabalha na área. , “Desta vez os fotógrafos foram eles, e não nós...Torná-los autores das fotografias e deixá-los felizes é algo que me deixa reconhecido e bem comigo próprio”, afirma.

Altino Pinto considera ter sido “uma experiência bastante enriquecedora, que gostaria de repetir”. “Ver como aquelas pessoas olhavam e pegavam numa máquina fotográfica deixou-me bastante emocionado”, conclui.

Os papéis inverteram-se e aqueles que normalmente se encontram à frente da máquina fotográfica perderam o medo e tomaram as rédeas dos seus olhos. As fotografias variam entre retratos dos colegas, trabalhos manuais, paisagens, entre outros. Muitos deles nunca tinham pegado numa máquina fotográfica, o que dificultou um pouco o método. Porém, mais genuínas não poderiam ficar. Desde o sorriso de uns lábios inquietos até ao mais pormenorizado olhar de um rosto, os utentes destas associações sentiram o carinho atirado em flashs de luz e sombras.

“Adorei a experiência e, sem dúvida, que repetiria”, assegura Ana Carolina Correia. “Não estava à espera de tão boa recepção, todos eles foram muito queridos connosco”, afirma com um brilhozinho nos olhos. Foi com eles, inocentes de enganos, que Carolina fez um Amigo, coisa mais preciosa do mundo. O Amigo multiplicado por todos os corações que encontrou.

Esta exposição pretende dar a conhecer um universo considerado insondável por muitos. Simultaneamente, proporcionou-se às crianças e jovens um dia diferente, pautado por grande animação e alegria.

Patente até ao próximo dia 5 de Janeiro, a exposição cumprirá posteriormente circuito de itinerância pelas IPSS aderentes a este projecto.


Texto:
André Pereira
Fotografia: Ana Carolina Correia

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Piiiiii

Bad Boy MC Crazy Mother Fucker, que é como quem diz, Ricardo Araújo Pereira com a cara pintada de preto e a dizer que é da Cova da Moura:

“Eu sou tão intelectual, tão intelectual que a buzina do meu carro não faz piiiiii, faz três vírgula catoooooorze.”

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Em cada letra

Em cada letra te escrevo
Em cada sonho te guardo
Em cada partida te levo
Em cada regresso te trago.

Em cada boca te grito
Em cada silêncio te calo
Em cada boneco te imito
Em cada pessoa te falo.

Em cada alimento te provo
Em cada segundo te conto
Em cada pedaço te inovo
Em cada ruela te encontro.

Em cada promessa te beijo
Em cada braço me cais
Em cada ausência te vejo

Em cada presença te vais.

Letras: André Pereira
Fotografia: Nuno Abreu