Hoje Rui Costa fez 38 anos. O dia foi longo e a homenagem que posso fazer a este senhor transporta demasiadas coisas para ser feita em meia dúzia de minutos. Por isso, recordo um texto que escrevi na noite do seu último jogo de futebol.
A Deus:
Hoje as emoções misturam-se. Lágrimas andam de mãos dadas com os sorrisos rasgados de orelha a orelha e a dor deixa marcas de baton nas faces rosadas da alegria. Cá fora, a chuva escolhe outro sítio para cair. Pedaços de água e sal escorrem pela epiderme de milhões de rostos agradecidos. O pouco espaço existente no chão é, subitamente, inundado por labaredas molhadas. Nem nuvens, nem estrelas, nem mesmo o sol ou a lua se dignam a aparecer. É uma despedida alegre, um regresso triste, um turbilhão de sustenidos e bemóis numa pauta de Chopin.
O mundo veste-se de vermelho. Um vermelho-sangue derramado pela multidão. Essa que um dia viu nascer um menino. Não era mais que isso. Ainda hoje o é. Basta olhar nos seus olhos para perceber que ainda brinca com uma bola de trapos num campo sem medida, sem linhas ou barreiras. Um simples rectângulo universal pisado por um génio com asas nos pés. E toda esta magia digna de um Houdini sem cartola terminou hoje, ao som das batidas nervosamente aceleradas de um coração ecuménico.
Hoje, sem um consentido aviso prévio, o Maestro desampara milhões de corações num ritmo andante. Obrigado por todas as alegrias que me deste, por todas as tristezas que partilhámos, por tudo! De todos os jogadores que tive oportunidade de ver jogar, Rui Costa foi o melhor de sempre. Não me despeço de um génio alado porque a própria palavra “adeus” transporta a sua identidade.
3 comentários:
Obrigado, companheiro! Forte abraço
também será sempre o meu jogador favorito. muito bonito o texto.
Obrigado pelo teu comentário. Já estive a dar uma vista de olhos no teu blogue e gostei. Parabéns! E viva o Benfica!
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