terça-feira, 27 de julho de 2010

Inception - A Origem
"Não podias antes ter sonhado com uma praia?"

A premissa é muito boa, os enredos papam-se, a forma de os contar fraquinha.

Não sou crítico de cinema, mas tendo em conta que faço parte do público, sou parte integrante e essencial de toda esta indústria. Portanto, tenho todo o direito em dar a minha opinião. E aqui vai ela (dividida por vários pontos).

Fiquei com a sensação horrível de não perceber por que raio a música para chamar à realidade as "almas" era o "Non, je ne regrette rien" da Edith Piaf. Lançar a curiosidade várias vezes no início do filme, outras tantas durante o filme e no fim não haver uma explicação é um claro exemplo do que não se deve fazer numa boa história. Compreendo que possa ser uma private joke do realizador, especialmente dirigida a Cobb (o personagem interpretado por Di Caprio). A música fala de arrependimentos ("Não, eu não lamento nada", numa tradução muito livre) e toda a história de Cobb no filme assenta no arrependimento de ter sido o "culpado" da morte de Mal, a sua mulher. De qualquer das formas, isto deveria ser explicado no filme. Não exaustivamente explicado - porque o bom cinema e o bom argumento é aquele que faz pensar - mas colocar Edith Piaf num filme que retrata uma situação "actual" é inadequado, não faz sentido. Está fora do contexto. Pelo menos se não for explicado. E não foi. Bastava um simples apontamento "Porquê esta música?", seguido de um "Não é a música, são as palavras" do Cobb e estava tudo resolvido. Ou bastava ficar pela pergunta. Deixar isto em aberto é que não. Dá um ar de "colocada ali à pressão porque a letra até faz sentido e nós somos muita bons a mandar private jokes entre nós que o público não compreende porque é burro demais para isso".

Na ponte, Yusuf apercebe-se de que está lixado e liga a música para acordar a malta. Dá uns tiros, vê que não tem hipótese e atira-se da ponte com a carrinha. Tudo muito rápido. No máximo demorou 30 segundos (o que no segundo nível equivale a 9 minutos). Aqui lanço o desafio: quem conseguir atravessar um longo corredor, lutar com um homem, matá-lo, entrar no quarto, apreciar cinco corpos a levitar, ver as gotas de sangue a sair da boca de um deles, engendrar um plano, ir buscar um fio, enrolar todos esses corpos num só, tirá-los do quarto, conduzi-los pelo longo corredor, levá-los para o elevador, abrir um alçapão, cortar um dos fios, colocar explosivos em vários pontos-chave, e esperar pelo "empurrão", tudo isto em 9 minutos e com gravidade zero, merece uma estátua. 9 minutos demorei eu a escrever este parágrafo (de notar que fui várias vezes à casa-de-banho e escrevi só com uma mão).

O Saito demora uma eternidade a morrer. Esteja em que nível estiver (1º: 10 segundos, 2º: 3 minutos ou 3º: 60 minutos), o ferimento da bala (exactamente no peito) ter-lhe-ia custado a vida de imediato.

Robert Fischer faz a pergunta que melhor define o filme: "Não podias antes ter sonhado com uma praia?". A pergunta foi dirigida a Eames e funcionou como piadinha-a-meio-do-filme-para-aligeirar-as-coisas. No cinema a malta acha graça, ri-se e pensa: "Caraças, é verdade! Por que é que ele, em vez de ter sonhado estar no meio dos "Alpes" cobertos de neve e cheios de frio de arma em punho para abater o exército escondido num forte blindado, não sonhou com uma praia paradisíaca? Os militares podiam, na mesma, ser mauzões (porque eram defensores da mente do Fischer), não teriam era de ter melhores armas que eles. Por que não sonhar com bazookas e shotguns, em vez daquelas mariquices de armas automáticas e facas?

Por agora é só. Terei de rever o filme. Com certeza que houve pormenores que não apanhei. Estes marcaram-me pela negativa. Outros surgirão que podem dar outro peso à balança. No entanto, não compreendo a febre que este filme tem provocado. Imagino se tivesse vampiros. Melhor, vampiros que também viajavam dentro dos sonhos. Era a loucura! No Top 250 do IMDB está em 3º lugar! 3º lugar! De certezinha que estou a sonhar. Esta não é a "verdadeira" realidade. Não pode ser! Quero acordar. Põe a tocar Edith Piaf, pá!

11 comentários:

Pedro Brandão disse...

lololol
está bem!

eu até gostei no novo conceito que este filme traz, com poucos clichés.. mas n discuto porque não vou assim tanto o cinema..

mas realças bons pontos

André Pereira disse...

Olá Pedro!

Antes de mais, obrigado pelo teu comentário e por te teres dado ao trabalho de ler um testamento :)

Sim, também acho que o filme traz algo de novo (quanto mais não seja não ser em 3D!), mas tem muitas falhas de palmatória.

Um abraço,

Manuel Mora Marques disse...

Aviso: SPOILERS

Acabei de o ver. E acho que é dos melhores filmes que alguma vez vi. Compreendo o que dizes, mas parece-me que estás a enveredar por um extremismo na observação dos pormenores, que, atendendo à temática fantástica, não se justifica. Concordo que na primeira aparição, a música da Piaff parece metida a martelo, mas não acho que tivesse de ser explicada. Eu cheguei à mesma conclusão que tu em relação ao seu sentido, e decerto que mais pessoas terão chegado ao mesmo, o que invalida a conclusão de que se trata de uma private joke do realizador (e da próxima vez, avisa o pessoal que vais revelar spoilers, ainda que gerais) :) Acho sim que explicá-lo com o que sugeres seria chamar burro ao público. Nem toda a gente sabe francês, é certo, mas a música e o seu significado são reconhecidos mundialmente; penso que a escolha se deverá a isso (uma suposição, claro, mas que não me parece despicienda).
Tens toda a razão quando dizes que os tempos que eles definem não batem certo com a duração das cenas que vemos. Tal como é inacreditável que, quando estão enfiados num táxi crivado de balas, só o Saito saia ferido (e, mesmo assim, é só uma bala). Ou que, quando o Andy, nos Condenados de Shawshank (o primeiro da tal lista do IMDB, mas já lá vamos), ao atravessar um túnel de 450 metros de comprimento, carregado de gases tóxicos, não morra sufocado. E poderíamos estar aqui a noite toda a enumerar erros factuais em filmes de culto, que eles não deixariam de ser grandes filmes.
Dá-me a sensação que, devido ao hype que se gerou, foste para a sala com uma predisposição para estar atento às possíveis falhas do filme, e não ao que é a obra em si: um filme belíssimo que confunde, um enredo extraordinário com um final aberto e que pode ser interpretado de várias formas, o Cobb pode efectivamente ficar com os filhos, como tudo aquilo que vimos pode ter sido um enorme sonho (e à semelhança do que o Cobb fez à Mal, o Nolan planta uma ideia em nós); uma interpretação que confirma o Di Caprio como um grande actor.
As falhas que referes existem, como concordei acima, mas se vires todos os filmes da mesma forma, julgo que nunca encontrarás um de que gostes (o que não é crime e eu respeitaria se fosse a realidade, mas tenho a certeza que existem filmes que consideras geniais e que não deixam de ter as tais comprometedoras questões factuais).
Para terminar, que isto já vai longo, a lista do IMDB (que eu uso bastante). Como está no site, é uma "user's list", não estamos a falar de críticos especializados (e se estivéssemos, acho que acreditaria mais na opinião dos tais user's). Eu nunca colocaria os Condenados de Shawshank no topo de uma lista de 250 filmes, apesar de o considerar um grande filme. Este Inception, por exemplo, estaria acima dos Condenados na minha lista (não em primeiro, esse fica eternamente vago). O Padrinho seria outro (acima, quer do Inception, quer dos Condenados). O Vertigo mais um, o Dr. Strangelove outro, o Delicatessen e o City of Lost Children muito acima da Amélie, etc., etc. O lugar comum aplica-se: são opiniões e cada um tem a sua. No caso das presentes no IMDB, às vezes dão jeito, ajudaram-me, por exemplo, a descobrir isto:
http://www.imdb.com/title/tt0903747/
que no meu entender merece todas as nove estrelinhas que lhe dão; e isto: http://www.imdb.com/title/tt0443409/
que já me esforcei por ver várias vezes, de mente aberta, e não consigo perceber as oito estrelinhas (uma excelente nota se olharmos para as notas de várias séries de comédia no site).

continua...

Manuel Mora Marques disse...

Para terminar, que isto já vai longo, a lista do IMDB (que eu uso bastante). Como está no site, é uma "user's list", não estamos a falar de críticos especializados (e se estivéssemos, acho que acreditaria mais na opinião dos tais user's). Eu nunca colocaria os Condenados de Shawshank no topo de uma lista de 250 filmes, apesar de o considerar um grande filme. Este Inception, por exemplo, estaria acima dos Condenados na minha lista (não em primeiro, esse fica eternamente vago). O Padrinho seria outro (acima, quer do Inception, quer dos Condenados). O Vertigo mais um, o Dr. Strangelove outro, o Delicatessen e o City of Lost Children muito acima da Amélie, etc., etc. O lugar comum aplica-se: são opiniões e cada um tem a sua. No caso das presentes no IMDB, às vezes dão jeito, ajudaram-me, por exemplo, a descobrir isto:
http://www.imdb.com/title/tt0903747/
que no meu entender merece todas as nove estrelinhas que lhe dão; e isto: http://www.imdb.com/title/tt0443409/
que já me esforcei por ver várias vezes, de mente aberta, e não consigo perceber as oito estrelinhas (uma excelente nota se olharmos para as notas de várias séries de comédia no site).
E pronto, agora acho que já escrevi que chegue. Poderás apontar que a minha declaração de respeito pelas opiniões contradiz o discurso ao longo deste testamento. E com razão. Mas tal como o Nolan faz no filme, também eu estou a tentar plantar uma ideia na tua cabeça (eu sei, eu sei, mas é inocente, podes desligar o alerta gayzola) usando artifícios que são contraditórios, é certo, mas necessários. Não te quero obrigar a adorar o filme, como é óbvio, mas como te conheço bem, acho que deves voltar a vê-lo, de preferência sozinho e numa sala o mais vazia possível e, acima de tudo, cagando de bem alto para o hype que o tem rodeado (eu esforcei-me por fazer isto, vi apenas um único trailer e não li nada sobre o filme antes de o ver, e resultou).

Desculpa mais uma vez esta posta de descolar retinas.

Grande abraço

P.s.: Estou em LX, reunimos esta semana?
P.S.2: Dass, tive de o dividir em três comentários para caber, prometo que não volto a comentar nada nos próximos meses. 

André Pereira disse...

(Ui... como é que se bloqueiam estes gajos?) Olá Manel, tudo bem contigo? ahahah

Antes de mais, essa mania que tens em escrever comentários com mais caracteres que o meu texto tem que acabar. Ainda para mais quando o fazes correctamente. Da próxima, escreve qualquer coisa realmente ofensiva ou desenquadrada para aí sim, te poder eliminar por justa causa.

Ora bem, vamos ao teu comentário. Concordo genericamente com o que dizes, tal como tu concordas comigo. De todo o modo, há ali pontos de choque:

- Não acho que um filme, por possuir uma temática fantástica, esteja automaticamente ilibado de ser analisado pormenorizadamente.

- Quanto à música da Piaf, continuo a dizer que não se justifica minimamente. Cai ali de pára-quedas e fica a pairar durante todo o filme, o que deixa o público (a mim deixou-me) a tentar arranjar uma justificação lógica para a escolha da música.

- A esmagadora maioria dos filmes tem erros/falhas, isso é claro. Incluindo - obviamente - os meus filmes preferidos. Mas, na minha opinião, são falhas que não me impediram de compreender e de ver o filme de forma "limpa". Ou seja, dentro dos meus parâmetros mentais no que respeita à visualização e apreensão de um filme, não houve qualquer tipo de sujidade. (Reconheço que havia pó, mas ainda não precisava de ser aspirado).

- Eu fui ver o filme sem ter lido sequer a sinopse. Nem trailers nem nada. A única coisa que sabia era que estava a ter muito sucesso. Mesmo na fila para comprar o bilhete, peguei na brochura (brochura brochura brochura) e olhei para a sinopse, mas... "Na... não quero ir condicionado", e voltei a colocar o papel (papel papel papel) no sítio. Portanto, fui de mente aberta, sem qualquer predisposição negativa.

- A lista que está no IMDB também não se adequa, de todo, à minha lista pessoal. Mas encaro o IMDB como uma certa "referência". Não "a" referência, mas vá... E ver ali em 3º lugar o "Inception" faz-me espécie. Isto, claro, tendo em conta que eu não gostei assim tanto do filme.

- Sim, quero ver novamente o filme. É como digo no artigo. Acho que tem uma muito boa premissa e os enredos são positivos, mas lá está... não me surpreendeu. Antes pelo contrário, fez-me estar a pensar nas "linhas" do filme e não na própria história. E tudo isso durante o filme.

PS- Reunimos quinta-feira? (combinar cenas de trabalho por aqui dá um ar profissional do caraças. Assim, as duas pessoas que visitam o meu blogue - Olá pai, mãe e Pedro! - podem ver que trabalhamos)

PS2- Vês como se preenche, com classe, uma caixa de comentário?

Manuel Mora Marques disse...

Olá André :)

Pelo menos admites que tenho o cuidado de não ser um troll quando comento no teu blog (e quem me conhece no dia-a-dia sabe o esforço desumano que é preciso para não ser um troll na net).

- Eu não digo que, por ser de temática fantástica, esteja ilibado de ser analisado ao pormenor. Digo que estás a ser extremista na análise dos pormenores. É diferente. E justifico com isto: a frase que principia o teu texto é "a premissa é muito boa, os enredos papam-se, a forma de os contar fraquinha". Depois, todo o texto gira em torno dos pormenores, não te referes novamente nem à premissa, nem ao enredo. (adiante darei mais bases para isto)

- Concordo, como te disse, que na primeira vez, parece entrar a martelo. Na segunda, já se fez luz quanto ao sentido. E este pode, obviamente, estar errado. Mas eu gosto de um filme que me desafie o cérebro e não me dê tudo de chofre (aí sim, pensarei que estão a fazer de mim burro). E tu também, a avaliar pela frase: "o bom cinema (...) é aquele que faz pensar".

- Pegando novamente nos Condenados, apercebi-me da falha no túnel da primeira vez que o vi, e pensei que ele morreria, juntamente com o filme, afogados num riacho de coliformes fecais. Não morreu e não foi isso que estragou o filme (um filme onde o realismo nestes pormenores deveria ser mais apurado que num como o Inception, que roça a ficção científica, era isto que te queria dizer com a história da temática fantástica). Faz sentido que digas que era impossível o gajo fazer aquilo tudo em 9 minutos. Por outro lado, também faz sentido dizer que não é possível passear nos sonhos de uma pessoa (posso estar errado). Perante o conhecimento actual, são duas ideias algo absurdas. E, seguindo esta lógica, não haveria filme.

- Julgo que a ideia do filme é precisamente transmitir essa confusão onírica ao espectador. No meu caso, cumprido. Não me parece um filme fácil, nem tão pouco que o objectivo fosse esse. (este comentário julgo que responde também ao último ponto) Também não me parece um filme complexo só "porque sim", há ali conteúdo e uma intenção de te fazer sair dali a pensar no que viste.

- Referi a predisposição porque foi a sensação que me transmitiu o tom do texto. Se me dizes que não, não insisto mais nisto, não faz sentido.

- Pensamos da mesma forma em relação ao valor da lista. Também não concordo com o terceiro lugar. Aqui acho que temos de ter em conta o que te disse, são usuários, que colocam o Toy Story 3 em oitavo lugar na lista dos (supostos) 250 melhores filmes de sempre.

PS.- Já falamos por chat que esta resposta precisa de maior explicação (e eu sei que estás a contar os caracteres). As duas pessoas, que na verdade são três e que vendo com calma, são cinco, sabem que não fazemos nada da vida (não menosprezes a minha presença nem a do Pedro Brandão) :)

PS.- Vejo sim, e espero que a esquemática desta resposta seja mais do teu agrado. Não contei os caracteres, mas esforcei-me por os conter (e, no processo, rebentei uma veia).

André Pereira disse...

Então vamos lá:

- Já devias saber que eu sou um extremista na análise do que quer que seja. Na minha agenda, eu tenho marcada a hora em que acordo, em que almoço, em que vou comprar o jornal, em que me sento ao computador, em que vejo um filme, etc. A frase que inicia o meu texto é a ideia que te quero implantar na cabeça. Já vi que consegui :) Mas tens razão. Não voltei a falar nem da premissa nem dos enredos. Se o fizesse, o texto seria muito mais longo do que qualquer comentário teu lololol

- Claro que sim. E concordo com estes elementos fora, mas acho que deveriam ser mais suportados ao nível do guião. Bastava uma simples referência, um olhar da miúda quando ouvia a música pela primeira vez, tipo "Mas... porquê esta música?", uma expressão, qualquer coisa...

- Aqui discordo. O filme assenta na ideia de que é possível passear nos sonhos de uma pessoa. Verosímil ou não, a ideia-base é essa. É esse o "mundo". Agora, nesse "mundo" não pode/deve haver incoerências. E a cena em que ele demora 9 minutos a fazer aquilo tudo, bem como outras cenas noutros filmes, são incoerências.

- Sem dúvida, é um filme que nos põe a pensar. E eu gosto disso. Muito. Chega a fazer comichões no cérebro.

- Es verdad.

- Yap, daqui por uns tempos já teremos o novo Sexo e a Cidade de volta ao Top.

PS- De facto, nunca fui bom a Matemática. Pai, Mãe e Pedro = 3. Mas, na verdade verdadinha, não somos 5, mas sim 6, porque - embora muito me custe - eu também sou leitor de mim mesmo.

Raúl Testa disse...

Hello, André. É só para te avisar que os teus textos provocam grandes sentimentos, neste caso foi a ira! eheheh.
Eu adorei o filme, considero mesmo que está na categoria dos melhores filmes que já vi (aquela categoria em que estão 5 ou 6 filmes ex aequo).
Relativamente ao filme em si, julgo que o Manuel Marques já disse praticamente tudo o que havia para dizer. No entanto, há aqui um pormenor do filme que sobressai no teu texto e que me parece que não percebeste. É que a música da Piaf, tenha ela o sentido que bem entendermos, não servia para tirar a malta do sonho mas sim para os avisar que alguém no mundo real (ou no sonho anterior) os ia acordar com o "kick", isto é, a música era um simples sinal combinado entre a equipa do Cobb.
O filme parece-me muito bem contado e não são as incongruências temporais que estragam o filme(a verdade é que em algumas cenas nós vemos mais tempo que aquele que os gajos teriam disponível mas estar a pegar por aí parece-me um bocado ridículo). O Di Caprio faz um papel fantástico (como tem sido hábito desde o The Departed) e gostei bastante do Joseph Gordon-Levitt (3º calhau a contar do sol, lembras-te?) e do Tom Hardy.
Gostos são gostos e podes dizer que não gostaste nada do Inception mas apontares defeitos de realização ao Nolan é pior que blasfémia no séc.XV (o que no fundo significa que alguém - que não eu, claro! - te vai chegar o lume, lololol.

André Pereira disse...

Raul, de todos os sentimentos que já te proporcionei (lembras-te das noites quentes e húmidas de Coimbra?), julgo que era esse o único que faltava.

Um ponto prévio (subjacente ao próprio texto): tudo o que aqui escrevo é baseado na minha opinião e, moldando-se à visão que tenho das coisas.

Quanto à música da Piaf, eu percebi claramente isso. Talvez não me tenha explicado bem no texto, mas obviamente que percebi que a música apenas servia para avisar que o "kick" estaria próximo. (caí no erro do Nolan de não explicar isso lol) Percebi claramente. O que não entendo - e por muito que me tentem fazer ver o contrário - é a escolha dessa música. Ou melhor, não entendo por que razão é que não foi melhor explicada. Não quero que me expliquem as coisas exaustivamente - "o bom cinema faz pensar" - mas repito-me: parece que a música caiu ali de pára-quedas. Por muito que seja uma música mundialmente conhecida e com uma letra que encaixa no sentimento do Cobb, na minha opinião (na minha opinião!) deveria ter sido melhor enquadrada. É uma música que não se ouve regularmente, não "está na moda" (este estar "na moda" tem muitas aspas, ok? Não vamos por modas, mas é a mesma coisa que o sinal para avisar do "kick" fosse uma dança tribal. Obviamente, teria de ser "explicada").

As incongruências temporais não estragam o filme. Já vimos muitos filmes, os quais adoramos, com inúmeras incongruências de vários tipos. Mas podiam ser evitadas. Há incongruências que são feitas sem querer (fruto das constantes repetições das cenas - mão direita num take, mão esquerda noutro take, etc, etc, etc.) e outras que são propositadas, como esta. Volto a referir, na minha opinião, um filme ganha muito mais quando não tem essas incongruências propositadas ou, pelo menos, quando as tenta reduzir ao máximo. Neste caso, parece-me que o Nolan usou as incongruências temporais para poder mostrar os efeitos especiais que é capaz de fazer, para dar mais acção e "emoção cinematográfica". No fundo, para vender mais. Não tenho nada contra quem queira fazer filmes dessa forma. Acho que temos que ter em conta o target e trabalhar muito com ele. É um dos segredos desta indústria. Para além disso, eu gosto do Nolan. Mas que há incongruências propositadas, há! E, quanto a mim, sujam o filme.

Papel do DiCaprio, excepcional. Tal como o do Joseph Gordon-Levitt (claro que lembro, pá! O gajo está igual ao Heath Ledger!) e do Tom Hardy.

Eu gostei do Inception. Acho um filme com uma boa premissa, bem escrito e com bons enredos. Mas que queres que te diga? Não gosto de erros. lol Gosto de ver um filme que, por muitos erros que tenha, não sejam demasiado perceptíveis, que não me impeçam de deixar de pensar no filme para começar a pensar neles. É a minha forma de ver as coisas. Haverá outros filmes cheios de erros que eu adoro (porque não os apreendi ou porque simplesmente os desprezei) bem como outros que detesto e não têm erros nenhuns. São gostos. E os gostos, aqui no meu blogue, discutem-se. Pelo menos até eu chegar ao poder! Muahahahahahah

Manuel Mora Marques disse...

Afinal, ainda vou comentar :)

- Tens razão e já o sabia. Pensei foi que, como isto não tem os bondosos nazis, fosses menos extremista. :)

- Acho que este é o único ponto em que discordamos completamente. Não na questão de a música causar alguma estranheza, mas na referência. Eu odiaria que aparecesse uma cena "explicativa" como a que indicas, pensaria mesmo que estavam a fazer de mim burro e a tentar forçar uma justificação para uma coisa que se percebe minimamente (nós percebemos os dois, apesar de, como disse, podermos estar errados).

- Não foi a comparação mais feliz, concordo. No entanto, não comentas o facto de vários filmes terem incoerências similares e tu não deixares de os considerar grandes filmes. Eu reparei nas coisas que referes durante a visualização do Inception (a sequência no elevador é a que salta mais à vista), mas isso não me estragou de forma alguma a "big picture". Já me disseste que a ti estragou, o que neste ponto invalida qualquer discussão, são gostos.

- Se essas frases estivessem no teu texto, eu provavelmente não teria comentado como o fiz. Ou pelo menos, não teria mencionado a tal predisposição. (partindo do princípio que as frases não são irónicas) E o teu texto continuaria longe da extensão dos meus comentários. Mais um ponto resolvido. :)

- Pois é. :)

- Ou qualquer coisa com Vampiros.

Em jeito de resumo, acho que já só discordamos numa coisa. É melhor não comentarmos mais, porque por este andar dá em namoro.

PS.: Tu não contas, que eu sei que manténs aberto um separador do browser com o teu blog, entre o Youporn e o Pornorama (sempre com o filtro "straight" ligado, obviamente)

André Pereira disse...

Manuel,

- Check!

- Sim, é aqui que a porca torce o rabo. Eu acho que o surgimento da música da Edith Piaf assim sem mais nem menos é que faz do telespectador burro e força uma justificação para uma coisa que não se percebe minimamente. Justificações iguais para opiniões diferentes.

- Check!

- Check!

- Check!

- Check!

PS:... Check! Check! Check!