Antes de nos apaixonarmos por isto, é melhor esclarecer que o amor de Verão não leva a lado nenhum. É exactamente igual aos outros. A vantagem é que este tem piada. Não se mata, não se morre, não se cai num caldeirão nem se é expulso do Paraíso. O amor de Verão dói. Mas passa. Dói agora. Amanhã não existe. Claro que fica gravado (a cores), mas bem arrumadinho.
No resto do ano, o amor é regrado, metódico. "Jantamos amanhã?", "Amanhã não posso, tenho reunião. Depois.", "Quando?", "Quando te der mais jeito.", "Não me dá jeito, eu trabalho.", "Eu também.", "Raios!". Este amor não dá jeito nenhum. É um amor que faz contas, que cumpre horários, que pensa. Um amor que apenas se faz no café, na fila para o autocarro ou no escritório é um amor triste.
Já o amor de Verão calça chinelos e queima os sapatos, veste t-shirts e rasga os fatos e as gravatas. Nem sequer usa maquilhagem. Pega na guitarra partida e começa a tocar os Jardins Proibidos. Desafinado. Mas é mesmo assim, porque lá no peito também bate um coração. O amor de Verão não dá rosas nem caixinhas de chocolate. Apanha escaldões e fica com a marca da pulseira que a miúda nos deu. Protector? Para quê? O amor de Verão não usa protector. Nem quer. Aliás, o amor de Verão não é vermelho, é ultra-violeta.
Foto: DR
6 comentários:
André, que texto bom. Que saudades do verão, dos amores descomprometidos, da paixão fugaz e feliz. Soube bem começar o dia com estas lembranças e, ainda mais, com elas escritas de uma forma tão bonita.
Obrigado, Geminha :) Como estão a correr os teus dias?
Beijos,
Tudo a correr muito bem. De repente, já passou um mês e eu nem dei por ele passar. Espero que os dias sejam mais lentos a partir de agora :)
Beijo grande
Amores de Verão ficam no coração. hehehheheh
Gema, por aí há fama de tudo ser mais lento, à excepção do samba :) Por isso, aproveita. Quer os dias, quer o samba. Beijinhos
Sofia, amores de Verão ficam no coração ou então na palma da mão.
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