Os meus primeiros livros da escola eram envolvidos por uma capa semi-transparente com desenhos das Tartarugas Ninja. O único momento em que via a capa original era quando ia com a minha mãe comprar os livros à papelaria Jota. Em casa, lá se dedicava o meu pai à encadernação. Para não estragar e, também - essencialmente -, para não me assustar tanto. Pouco depois, a disciplina de Estudo do Meio tinha-se transformado no Donatello e no Leonardo a praticar artes marciais.
Dentro dos livros, as folhas que tinham toda a matéria para o ano, depressa se tornavam autênticos diários de pré-adolescente. Letras de músicas dos Nirvana e dos Ornatos preenchiam a parte rebelde, poemas do Ary dos Santos a parte mais coraçãozinha.
Sempre fiquei na primeira ou na segunda mesa, junto ao professor. Número dois ou número três. André Pereira. Presente. Sem fazer barulho, atento à aula e às miúdas novas. Voltava a escrever no livro. A aula acabava sempre cinco minutos antes de tocar a campainha. Esquecia a miúda dos olhos verdes ou aquela das covinhas no rosto. Estava já a construir a minha equipa para os 10 minutos de intervalo. Eu não vou à baliza. A mochila faz de poste e é roda bota fora. Toca a campainha para entrar. Bem pior que sofrer um golo. Regresso às aulas.
in Jornal Mais Aguiar da Beira
2 comentários:
É engraçado como não me lembro de alguns episódios que aconteceram há um ano... e me lembro tão bem do meu primeiro dia de aulas :):):)
Também eu!
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