Não é difícil encontrar uma capa estendida pelas ruas de Coimbra. Apoiada num ombro amigo, a capa negra cobre os universitários, mas, essencialmente, é perita em encobrir aqueles que se dizem estudantes. O nosso jornal falou com uma das muitas capas que anoitecem esta cidade durante o dia.
Capa – Já de quatro! O que é perante a praxe?
Diário de Fictícias – Desculpe, mas eu não sou estudante, apenas a queria entrevistar, se fosse possível…
Diário de Fictícias – Antes de mais, agradeço a sua disponibilidade para esta entrevista.
Capa – Não tem que agradecer, não tenho outra vida senão passear no ombro deste rapaz. Não vou a casa há uma semana e, apesar de estar em altura de exames, ainda não toquei nos livros. A minha vida é essencialmente nocturna, são raros os dias em que vejo o sol. A não ser que haja algum protesto ou manifestação estudantil. Se for o caso nem durmo. Temos que defender os nossos direitos!
DF – Os estudantes manifestam-se muito. Quais as principais razões para isso acontecer?
Capa – (o rapaz interrompe, irritado) “Ensino gratuito! Não às propinas!” Caloiro, quem manda sou eu, eu é que falo! Tenho mais matrículas que tu! Tu não vales nada! Olhos no chão! (insurge-se a Capa). Peço desculpa, ele ainda é novo. Ora bem, eu sou uma manifestante assídua, “a luta continua, governo para a rua”. Nós manifestamo-nos porque… bem… quer dizer… já não há caloiros como antigamente, é isso! Manifestam-se de segunda a sexta. Têm que aprender com quem sabe, os fins-de-semana também contam. Afinal, para quê andar na Universidade, senão para criticar?
DF – Não considera a Universidade um espaço de estudo, onde podemos apreender novos conhecimentos?
Capa – Sim, claro. Aliás, foi aqui, na cidade do conhecimento, onde aprendi a fazer o nó da gravata, beber shots, dançar, protestar…
DF – Referia-me às aulas...
Capa – (espantada) Que aulas? Mas a Universidade não é um bar ali na Padre António Vieira? Nunca vi tanto estudante junto… Mas agora que me fala nisso, não me lembro de alguma vez ter tido uma discussão interessante com alguém, a não ser sobre qual a melhor marca de cerveja.
DF – Já que falou em cerveja, costuma ir à Queima das Fitas?
Capa – Se costumo? Nunca faltei, nem um único dia! É a melhor festa do mundo! Ali é que se aprende a viver. Por vezes, não me lembro do que se passou no dia anterior, mas isso não interessa. Aliás, o importante é que haja muita bebida e barulho. A música é o que menos interessa.
DF – No que respeita à música, as Tunas Académicas são muito admiradas.
Capa – Sim, eu própria faço parte de uma Tuna, sou a Chefe, a Dux Veteranorum, faço o que quiser a quem quiser. Apesar de não saber o que é uma clave de sol, queremos é diversão.
DF – E esses emblemas que enverga? Já quase que não tem espaço para mais…
Capa – Tenho muito orgulho nestas insígnias! Representam o número de matrículas que tenho. Sou mesmo superior!
DF – Muito obrigado. Esperava que tivesse sido uma entrevista mais produtiva, em que pudéssemos falar dos problemas dos verdadeiros estudantes…Capa – Há muitos estudantes que verdadeiramente estudam, mas eu e o meu código da Praxe estamos aqui para impedir que tal aconteça! Agora, tenho que ir ali à tasca estudar mais um bocado.
Capa – Já de quatro! O que é perante a praxe?
Diário de Fictícias – Desculpe, mas eu não sou estudante, apenas a queria entrevistar, se fosse possível…
Diário de Fictícias – Antes de mais, agradeço a sua disponibilidade para esta entrevista.
Capa – Não tem que agradecer, não tenho outra vida senão passear no ombro deste rapaz. Não vou a casa há uma semana e, apesar de estar em altura de exames, ainda não toquei nos livros. A minha vida é essencialmente nocturna, são raros os dias em que vejo o sol. A não ser que haja algum protesto ou manifestação estudantil. Se for o caso nem durmo. Temos que defender os nossos direitos!
DF – Os estudantes manifestam-se muito. Quais as principais razões para isso acontecer?
Capa – (o rapaz interrompe, irritado) “Ensino gratuito! Não às propinas!” Caloiro, quem manda sou eu, eu é que falo! Tenho mais matrículas que tu! Tu não vales nada! Olhos no chão! (insurge-se a Capa). Peço desculpa, ele ainda é novo. Ora bem, eu sou uma manifestante assídua, “a luta continua, governo para a rua”. Nós manifestamo-nos porque… bem… quer dizer… já não há caloiros como antigamente, é isso! Manifestam-se de segunda a sexta. Têm que aprender com quem sabe, os fins-de-semana também contam. Afinal, para quê andar na Universidade, senão para criticar?
DF – Não considera a Universidade um espaço de estudo, onde podemos apreender novos conhecimentos?
Capa – Sim, claro. Aliás, foi aqui, na cidade do conhecimento, onde aprendi a fazer o nó da gravata, beber shots, dançar, protestar…
DF – Referia-me às aulas...
Capa – (espantada) Que aulas? Mas a Universidade não é um bar ali na Padre António Vieira? Nunca vi tanto estudante junto… Mas agora que me fala nisso, não me lembro de alguma vez ter tido uma discussão interessante com alguém, a não ser sobre qual a melhor marca de cerveja.
DF – Já que falou em cerveja, costuma ir à Queima das Fitas?
Capa – Se costumo? Nunca faltei, nem um único dia! É a melhor festa do mundo! Ali é que se aprende a viver. Por vezes, não me lembro do que se passou no dia anterior, mas isso não interessa. Aliás, o importante é que haja muita bebida e barulho. A música é o que menos interessa.
DF – No que respeita à música, as Tunas Académicas são muito admiradas.
Capa – Sim, eu própria faço parte de uma Tuna, sou a Chefe, a Dux Veteranorum, faço o que quiser a quem quiser. Apesar de não saber o que é uma clave de sol, queremos é diversão.
DF – E esses emblemas que enverga? Já quase que não tem espaço para mais…
Capa – Tenho muito orgulho nestas insígnias! Representam o número de matrículas que tenho. Sou mesmo superior!
DF – Muito obrigado. Esperava que tivesse sido uma entrevista mais produtiva, em que pudéssemos falar dos problemas dos verdadeiros estudantes…Capa – Há muitos estudantes que verdadeiramente estudam, mas eu e o meu código da Praxe estamos aqui para impedir que tal aconteça! Agora, tenho que ir ali à tasca estudar mais um bocado.
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