Estão três Reis Magos à conversa.
Pedro – Epa… Tanta luz ali à frente.
Ricardo – Fujam! Deve ser a bófia!
Pedro – Calma, calma (franzindo os olhos para tentar ver melhor). São estrelas. Uma, duas, três… (faz a contagem, apontando com o dedo) Doze estrelas! Vamos ver mais de perto.
Ricardo – ‘Bora! Robert, vens?
Robert – Ok, eu vou, mas aviso já que não falo!
Montados nos seus camelos, três reis atravessaram o longo deserto da margem sul, desafiando o sol ardente, a sede e inúmeros outros perigos para chegarem a Belém. O charmoso Pedro Santana Lopes, o africano Robert Mugabe e o cigano Ricardo Quaresma haviam visto doze estrelas brilhando no céu e, guiados por elas, iriam saudar o nascimento daquele que, segundo a profecia, seria o Rei dos Reis. Emocionados, cada um se ajoelha e oferece um presente.
Ricardo saudou o menino com ouro.
Após ter passado a minha infância a trabalhar na Feira de Carcavelos, trouxe o que de melhor arranjei. Não sei se gostas de brincos e de anéis, mas é o que tenho. Se quiseres mais, podemos negociar.
Robert trouxe incenso.
Entrego-te incenso, utilizado para louvar os deuses e encarado como um símbolo da realeza. No meu país todas as pessoas são tratadas como verdadeiros reis, possuindo o direito de voto. Só os animais e os brancos é que não.
Pedro ofereceu mirra, uma resina usada para perfumar e embalsamar.
Estava para te trazer uns frascos de gel e brilhantina, mas decidi-me pela mirra, que também dá um cheirinho agradável para quando saíres à noite.
Menino – Porreiro, pah! Gostei muito das vossas amáveis oferendas. Estou muito satisfeito. A tenda está com um bom clima, tem um bom espírito, o espírito de Lisboa! Estejam à vontade. Puxem a vós um fardo de palha e façam como se estivessem em vossa casa.
Maria – Não me sujem é os cortinados! Andei eu aqui a lavar o estábulo para o meu menino nascer, e isto já está tudo a ficar laranja. Deve ser da luz…
José – Não digas isso, Maria. Se não fossem as laranjas, eu não estava aqui nesta tenda tão quentinha.
Maria – Lá isso é verdade. Bem, façamos um brinde protocolar ao nosso anjinho e vamos a despachar que tenho de ir para Belém.
Ricardo – Espera lá, mas nós não estamos em Belém? Não foi aqui que o menino nasceu?
Mal Ricardo termina a sua frase, entra na tenda um homem, coberto por uma túnica branca longa e um chapéu esquisito na cabeça.
Boa noite meus senhores! Qual Belém qual quê… Estamos em S. Julião da Barra, o melhor local para passar uns dias de férias.
Burro – Desculpem lá incomodar. Mas vocês é que se enganam no caminho e o burro sou eu? O burro sou eu?
De repente, ouve-se um estrondo à entrada da tenda. Dezenas de homens armados entram na tenda, vasculham ao mais ínfimo pormenor todos os objectos da sala e algemam todos os presentes.
Vamos lá ver o que temos aqui… Uma lareira sem protecção, um burro falante, uma vaca que escreve livros, mirra (cheira com perspicácia) fora da validade, incenso (leva um bocadinho à língua) que não cumpre com as normas da União Europeia, e ouro (observa com atenção) falsificado. Vai tudo dentro!
Pedro – Epa… Tanta luz ali à frente.
Ricardo – Fujam! Deve ser a bófia!
Pedro – Calma, calma (franzindo os olhos para tentar ver melhor). São estrelas. Uma, duas, três… (faz a contagem, apontando com o dedo) Doze estrelas! Vamos ver mais de perto.
Ricardo – ‘Bora! Robert, vens?
Robert – Ok, eu vou, mas aviso já que não falo!
Montados nos seus camelos, três reis atravessaram o longo deserto da margem sul, desafiando o sol ardente, a sede e inúmeros outros perigos para chegarem a Belém. O charmoso Pedro Santana Lopes, o africano Robert Mugabe e o cigano Ricardo Quaresma haviam visto doze estrelas brilhando no céu e, guiados por elas, iriam saudar o nascimento daquele que, segundo a profecia, seria o Rei dos Reis. Emocionados, cada um se ajoelha e oferece um presente.
Ricardo saudou o menino com ouro.
Após ter passado a minha infância a trabalhar na Feira de Carcavelos, trouxe o que de melhor arranjei. Não sei se gostas de brincos e de anéis, mas é o que tenho. Se quiseres mais, podemos negociar.
Robert trouxe incenso.
Entrego-te incenso, utilizado para louvar os deuses e encarado como um símbolo da realeza. No meu país todas as pessoas são tratadas como verdadeiros reis, possuindo o direito de voto. Só os animais e os brancos é que não.
Pedro ofereceu mirra, uma resina usada para perfumar e embalsamar.
Estava para te trazer uns frascos de gel e brilhantina, mas decidi-me pela mirra, que também dá um cheirinho agradável para quando saíres à noite.
Menino – Porreiro, pah! Gostei muito das vossas amáveis oferendas. Estou muito satisfeito. A tenda está com um bom clima, tem um bom espírito, o espírito de Lisboa! Estejam à vontade. Puxem a vós um fardo de palha e façam como se estivessem em vossa casa.
Maria – Não me sujem é os cortinados! Andei eu aqui a lavar o estábulo para o meu menino nascer, e isto já está tudo a ficar laranja. Deve ser da luz…
José – Não digas isso, Maria. Se não fossem as laranjas, eu não estava aqui nesta tenda tão quentinha.
Maria – Lá isso é verdade. Bem, façamos um brinde protocolar ao nosso anjinho e vamos a despachar que tenho de ir para Belém.
Ricardo – Espera lá, mas nós não estamos em Belém? Não foi aqui que o menino nasceu?
Mal Ricardo termina a sua frase, entra na tenda um homem, coberto por uma túnica branca longa e um chapéu esquisito na cabeça.
Boa noite meus senhores! Qual Belém qual quê… Estamos em S. Julião da Barra, o melhor local para passar uns dias de férias.
Burro – Desculpem lá incomodar. Mas vocês é que se enganam no caminho e o burro sou eu? O burro sou eu?
De repente, ouve-se um estrondo à entrada da tenda. Dezenas de homens armados entram na tenda, vasculham ao mais ínfimo pormenor todos os objectos da sala e algemam todos os presentes.
Vamos lá ver o que temos aqui… Uma lareira sem protecção, um burro falante, uma vaca que escreve livros, mirra (cheira com perspicácia) fora da validade, incenso (leva um bocadinho à língua) que não cumpre com as normas da União Europeia, e ouro (observa com atenção) falsificado. Vai tudo dentro!
André Pereira
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