Cheguei à rodoviária e estava tudo normal. Autocarros nas pistas, pessoas à espera e os funcionários na hora de almoço.
Como estava atrasado para apanhar o autocarro, corri o máximo que pude e consegui um honroso quarto lugar na fila da bilheteira. Como não poderia fazer nada, tive de manter a tranquilidade e aguardar a minha vez.
Passados uns minutos fui atendido. “Boa tarde, estou muito atrasado. Queria um bilhete para Lisboa!” Ao que responde a senhora, com toda a calma do mundo: “No próximo autocarro?”. Ora bem, eu estou super atrasado, coisa que até lhe disse e ela pergunta-me se quero ir no próximo autocarro!
“Sim, no próximo. Rápido, se faz favor”. Sabendo que estou atrasado, quero apanhar o próximo autocarro para Lisboa e não sou propriamente um adulto, coloca-me as seguintes questões: “Então o próximo sai dentro de 2 minutos” – “É às quinze horas” – “Com cartão-jovem?” – “Não tem trocado?” – “Espere um momento que não tenho moedas” – “Então está fresquinho?”
Enquanto espero nervosamente o meu bilhete, ouve-se uma voz no altifalante da rodoviária (“Faaaaxabor grfff o prooóxchimnoo aauoutocccarro chggfffffchchhhhpara Carrazeddddde ctthchyhhde Anschixxxxiães encontra-se gffffff na lllinha 3sssss”). Há coisas que eu não percebo. Será que o senhor que fala pelo altifalante é surdo? Não só por falar muito alto como não se apercebe que as pessoas não entendem nada do que ele diz.
Ele pode dizer uma coisa completamente estúpida e as pessoas ficam na mesma: “Atenção, atenção! Temos a informação de que há setenta e três bombas nucleares na sala espera. Façam o favor de fugir” E todos se mantêm impávidos e serenos. Porquê? Porque não se entende nada do que ele diz!
Chego, finalmente, à pista onde se encontra o autocarro. Mais uma fila, para variar. Aliás, nós, os portugueses, estamos muito habituados a filas. Também podemos chamar de bichas, e ninguém pode negar que cada vez há mais.
“Quem vai para o Aeroporto põe as malas deste lado quem fica em Sete Rios põe daquele”. Ou seja, chega uma altura em que o autocarro se divide ao meio e começa a andar só com duas rodas. O que, por um lado, até é bom, tendo em conta o trânsito na segunda circular.
Entro no expresso e, como é natural, procuro um lugar para me sentar. Consegui ser um dos primeiros a entrar e há muitas cadeiras vazias. Escolho a que me agradar mais, tiro o casaco, poiso a mala, recosto o banco e fecho os olhos para descansar um pouco.
Há pessoas que eu não entendo. O autocarro vazio, eu sentado no meu banco, de olhos fechados. Se fosse de noite tinha medo de estar tão sozinho. E vem uma velha “Desculpe, está no meu lugar”.
Depois há outra coisa. O autocarro é o meio de transporte mais parecido com o povo português: tem sempre o relógio atrasado, tem duas televisões e nenhuma funciona, o ar condicionado só funciona no Inverno, a casa-de-banho ou não funciona ou está ocupada e o cheiro é bastante alternativo.
Como estava atrasado para apanhar o autocarro, corri o máximo que pude e consegui um honroso quarto lugar na fila da bilheteira. Como não poderia fazer nada, tive de manter a tranquilidade e aguardar a minha vez.
Passados uns minutos fui atendido. “Boa tarde, estou muito atrasado. Queria um bilhete para Lisboa!” Ao que responde a senhora, com toda a calma do mundo: “No próximo autocarro?”. Ora bem, eu estou super atrasado, coisa que até lhe disse e ela pergunta-me se quero ir no próximo autocarro!
“Sim, no próximo. Rápido, se faz favor”. Sabendo que estou atrasado, quero apanhar o próximo autocarro para Lisboa e não sou propriamente um adulto, coloca-me as seguintes questões: “Então o próximo sai dentro de 2 minutos” – “É às quinze horas” – “Com cartão-jovem?” – “Não tem trocado?” – “Espere um momento que não tenho moedas” – “Então está fresquinho?”
Enquanto espero nervosamente o meu bilhete, ouve-se uma voz no altifalante da rodoviária (“Faaaaxabor grfff o prooóxchimnoo aauoutocccarro chggfffffchchhhhpara Carrazeddddde ctthchyhhde Anschixxxxiães encontra-se gffffff na lllinha 3sssss”). Há coisas que eu não percebo. Será que o senhor que fala pelo altifalante é surdo? Não só por falar muito alto como não se apercebe que as pessoas não entendem nada do que ele diz.
Ele pode dizer uma coisa completamente estúpida e as pessoas ficam na mesma: “Atenção, atenção! Temos a informação de que há setenta e três bombas nucleares na sala espera. Façam o favor de fugir” E todos se mantêm impávidos e serenos. Porquê? Porque não se entende nada do que ele diz!
Chego, finalmente, à pista onde se encontra o autocarro. Mais uma fila, para variar. Aliás, nós, os portugueses, estamos muito habituados a filas. Também podemos chamar de bichas, e ninguém pode negar que cada vez há mais.
“Quem vai para o Aeroporto põe as malas deste lado quem fica em Sete Rios põe daquele”. Ou seja, chega uma altura em que o autocarro se divide ao meio e começa a andar só com duas rodas. O que, por um lado, até é bom, tendo em conta o trânsito na segunda circular.
Entro no expresso e, como é natural, procuro um lugar para me sentar. Consegui ser um dos primeiros a entrar e há muitas cadeiras vazias. Escolho a que me agradar mais, tiro o casaco, poiso a mala, recosto o banco e fecho os olhos para descansar um pouco.
Há pessoas que eu não entendo. O autocarro vazio, eu sentado no meu banco, de olhos fechados. Se fosse de noite tinha medo de estar tão sozinho. E vem uma velha “Desculpe, está no meu lugar”.
Depois há outra coisa. O autocarro é o meio de transporte mais parecido com o povo português: tem sempre o relógio atrasado, tem duas televisões e nenhuma funciona, o ar condicionado só funciona no Inverno, a casa-de-banho ou não funciona ou está ocupada e o cheiro é bastante alternativo.
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