Júlio era considerado pela Associação de Rádios em Frequência Am (RFA) como o homem mais bonito e atraente do planeta Terra e de Marte. Como único membro da RFA e, por conseguinte, vice-presidente vitalício, mandou construir um muro que separava o seu cabeleireiro da sala de espera, com o objectivo de poder trabalhar sossegado, sem que ninguém o chateasse. Por vezes, lá aparecia um ou outro guedelhudo e barbudo que se manifestava veementemente contra a construção desta divisão ridícula, mas lá tinha de esperar, uma vez que não havia outro cabeleireiro na zona.
Um dia, Fernando Flores, ou Júlio – como bem entenderem –, teve a visita inesperada de um senhor pequenino com um bigode ridículo de meio centímetro. “Quero uma cerveja e duas bifanas!”, gritou o pequeno homem. “Desculpe, mas nós só temos caracóis e pregos no prato”, ripostou Júlio. “Mas eu quero…”, resmungou H. (de Homem – qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência), e começou a chorar que nem um bebé. Com pena, Júlio cedeu-lhe a melhor cadeira do cabeleireiro e fez-lhe um corte de cabelo à Elvis Presley. Ficou tão parecido que H. começou a cantar “Love me tender” para o pente.
Passaram-se dias e mais dias, e H. não abandonava aquela cadeira. Costumava ficar tanto tempo a olhar-se ao espelho que, num dia narcisicamente normal, o seu reflexo aborreceu-se e fugiu para as ilhas gregas.
(to be continued)
Um dia, Fernando Flores, ou Júlio – como bem entenderem –, teve a visita inesperada de um senhor pequenino com um bigode ridículo de meio centímetro. “Quero uma cerveja e duas bifanas!”, gritou o pequeno homem. “Desculpe, mas nós só temos caracóis e pregos no prato”, ripostou Júlio. “Mas eu quero…”, resmungou H. (de Homem – qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência), e começou a chorar que nem um bebé. Com pena, Júlio cedeu-lhe a melhor cadeira do cabeleireiro e fez-lhe um corte de cabelo à Elvis Presley. Ficou tão parecido que H. começou a cantar “Love me tender” para o pente.
Passaram-se dias e mais dias, e H. não abandonava aquela cadeira. Costumava ficar tanto tempo a olhar-se ao espelho que, num dia narcisicamente normal, o seu reflexo aborreceu-se e fugiu para as ilhas gregas.
(to be continued)
André Pereira
Imagem: Direitos Reservados
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