O Natal chegou ao fim. Pelo menos por este ano. Durante os próximos onze meses, podemos adormecer descansados sem pensar na possibilidade de encontrar a Popota debaixo dos lençóis. Porém, nem tudo são rosas. Infelizmente, aqueles quinze minutos em que estamos sentados à lareira, com os lábios cheios de açúcar a pegar no cheque FNAC desaparecerão durante… 364 dias! Nãaaaaaooooooo!!!
Mas é assim a vida. Não podemos esperar sentadinhos no sofá que nos caiam nas mãos formas gratuitas (e legais!) de obter o que quisermos da empresa homónima daquela que já patrocinou o Benfica. Mas deixemo-nos de falar de alegrias repentinas. Falemos, isso sim, de música!
Hoje, e visto que este é o meu último artigo de 2008, decidi fazer uma análise mais geral sobre alguns álbuns que saíram este ano. Na impossibilidade de me referir a todos, irei mencionar apenas dois álbuns portugueses e dois estrangeiros.
No que respeita ao panorama nacional, é indiscutível a entrada a pés juntos dos Deolinda com o álbum “Canção ao Lado”. Foram a revelação mais bombástica de 2008, acima de qualquer atentado na Faixa de Gaza, ou de qualquer paulada do Bynia. A lufada de ar fresco que vieram trazer aos nossos ouvidos assenta numa revitalização pós-modernista que a música portuguesa atravessa. O regresso ao passado é trazido por estes músicos com os pés bem assentes no futuro. E tudo isto apenas com duas guitarras, um contrabaixo e uma voz (sublime, diga-se de passagem).
Manel Cruz, com o seu “O Amor dá-me Tesão / Não Fui eu que o Estraguei” transporta-nos para um universo de cassete em que carregávamos no REC e no PAUSE ao mesmo tempo, esperando ansiosamente pela música que queríamos gravar. Ah, e fazíamos figas para que a música não fosse cortada no final por um inadequado compromisso comercial. Manel Cruz recorda-nos esses tempos, essas gravações, os cheiros da aparelhagem, os autocolantes pequeninos que nunca colavam na cassete, o som irritante a rebobinar… E fá-lo de uma forma genial. Não fosse ele um dos grandes músicos portugueses da actualidade.
Lá fora, não posso deixar de referir o regresso tão aguardado dos Metallica. É certo que o tempo não volta atrás, mas se voltasse, gostaria de cá ficar. A banda californiana regressou este ano com “Death Magnetic”, e misturou recordações antigas com saudades futuras. Força, garra, rapidez e virtuosismo, adjectivos que bem poderiam ser sinónimos de Metallica.
Para terminar, gostaria de referir a reedição do concerto dado no Carnegie Hall pelos músicos que ficaram para a história como Buena Vista Social Club. Um regresso que não cansa, mas antes descansa. Com os pés na água quente, um copo com um guarda-chuva espetado numa azeitona e um cachimbo na ponta dos lábios.
Apesar de já ter escrito sobre três dos quatro álbuns que refiro neste artigo, julgo que nunca é demais fazê-lo, até porque pertencem ao meu top de 2008. Em 2009, outros álbuns surgirão, novos sons, novas maneiras de ouvir esses sons, mas, acima de tudo, mais originalidade. Porque, se se quer ser o melhor, não vale a pena ser excelente quando se é igual.
Imagem: DR
Casting Stars
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