sábado, 20 de dezembro de 2008

Carlos do Carmo - Fado Maestro

Fazer uma crítica musical já é algo de extremamente difícil. Não só impõe que exista uma análise cuidada do tema em causa, como também uma escolha criteriosa e extremamente cuidada das palavras a utilizar. Mais difícil se torna quando se fala de génios, de almas que ganharam voz e de poemas que foram semeados e cresceram nessa mesma voz que nos embala. Falo, simplesmente, de Carlos do Carmo.

As apresentações são dispensáveis. Apaguem as luzes, recolham o tapete, vendam os tambores… É preferível evitar o Grandioso com risco de ser pequeno demais para este senhor.

Para comemorar os seus 45 anos de carreira, Carlos do Carmo decidiu brindar-nos com um Best Of. Este “Fado Maestro” está dividido em três versões. Na primeira, são recordados fados como “Lisboa Menina e Moça”, “Os Putos”, “Um Homem na Cidade” ou “Canoas do Tejo”. Já a segunda versão é uma homenagem de Carlos do Carmo aos poetas que cantou. “O Cacilheiro”, “Fado Varina” e “Homem das Castanhas” são alguns dos exemplos. Esta edição especial engloba, para além do CD, o DVD Documentário “O Fado de Uma Vida”, realizado por Rui Pinto de Almeida. Neste DVD estão incluídos ainda 10 temas ao vivo, quatro gravados em Frankfurt e os restantes gravados em Lisboa. A terceira versão conta com o CD standard e com o DVD Documentário.

Carlos do Carmo é um homem que canta gerações, que declama saudades e vidas nuas de um sítio real, de uma rua com roupa à varanda, de um largo com duas balizas feitas de pedra. A sua voz é o seu castelo, o seu novelo onde descansa o olhar numa estrela da tarde.

Sobre Carlos do Carmo, João Lobo Antunes escreveu: “A comparação é talvez fútil, mas eu atrevo-me a dizer que Marceneiro cantou os fados de Lisboa, e Carlos do Carmo canta Lisboa em fado. E por isso, quando longe desta cidade eu o ouvia, ele trazia-me sempre naquilo que cantava, a cor, o ruído, o cheiro, a gente, o paradoxo de uma saudade que doía e, ao mesmo tempo, consolava.”


Sem comentários: