terça-feira, 17 de março de 2009

Nietzsche e o Nazismo (3/3)

Hitler aproveitou-se, claramente, da obra de Nietzsche para cimentar e suportar o seu Ideal Nazi. Recolheu as informações que necessitava e usou-as conforme lhe convinha. Neste processo, contou com a preciosa ajuda de Elizabeth Foster, irmã de Nietzsche, defensora convicta dos ideais nazi-fascistas.

Elizabeth, ao assegurar a difusão do Pensamento de Nietzsche através da criação do Nietzsche-Archiv, em Weimar, acabou por transformar o seu irmão no que ele tão intransigentemente combateu. Com a subida de Hitler ao poder, em 1933, a colaboração entre o Nietzsche-Archiv e o programa cultural do Partido Nacional-Socialista intensifica-se. A obra é apresentada ao público como prenúncio filosófico do pangermanismo e do anti-semitismo, abrindo caminho para aquilo que seria uma espécie de destino de grandeza do povo alemão.

Conta-se que Elizabeth, numa visita que fez a Hitler, lhe entregou a bengala de Nietzsche, como símbolo de passagem de testemunho. Também em 1933, por ocasião dos seus 50 anos, Benito Mussolini recebeu da direcção do Nietzsche-Archiv o seguinte telegrama: "Ao magnífico discípulo de Zaratustra, sonhado por Nietzsche; ao genial restaurador dos valores aristocráticos, no espírito de Nietzsche, envia o Nietzsche-Archiv, em profundíssima veneração e admiração, os mais fervorosos votos de felicidades".

Pelo carácter não-sistemático da obra de Nietzsche, pode ver-se o que se quiser em inúmeros circunstâncias. Porém, tomando-se a obra como um todo, as acusações de alicerce do Nazismo mostram-se totalmente absurdas, porque o que se revela é uma filosofia em luta contra qualquer forma de absoluto. Sem este conceito, não há espaço para religiões ou sistemas totalitários.
André Pereira

3 comentários:

André Pereira disse...

Obrigado! Também adorei ler o teu texto sobre os jogadores que fintaram Hitler. Espectacular! Parabéns, puto.

@Man_riques disse...

Ótimo artigo, só consegui encontrar esta foto em seu blog!

André Pereira disse...

Muito obrigado Lucas!

Um abraço