sábado, 18 de abril de 2009

Amália Hoje

Pode ser com esta voz que Amália chorará seu triste fado. Um choro de alegria e agradecimento a três vozes que, sob a batuta de Nuno Gonçalves (The Gift), uniram num só canto os vários cantos da diva do fado.

A Sónia Tavares (The Gift), Paulo Praça (Plaza) e Fernando Ribeiro (Moonspell) coube a tarefa de cantar o fado num registo mais pop. Os arranjos de Nuno Gonçalves – muito ao estilo dos The Gift – transformaram a solidão das guitarras numa espécie de “solidão acompanhada” por violinos, percussão, órgão, sintetizador, guitarra eléctrica e outros instrumentos fora do alcance do fado tradicional.

Ouvir a “Gaivota” – primeiro single – na voz da Sónia Tavares acaba por ser algo de tão surpreendente como já esperado. Um paradoxo que nos ajuda a compreender a essência do disco e a extrema versatilidade das músicas cantadas por Amália. A sonoridade triste, pesarosa e abandonada de uma voz e duas guitarras encaixa perfeitamente neste pop cheio e compacto, que, mesmo sorridente, não deixa esconder as lágrimas de um destino cantado.

“Nome de Rua” na voz de Paulo Praça é outra das músicas que surpreende os nossos ouvidos. Mas talvez o maior espanto surja com a imponente prestação de Fernando Ribeiro a cantar o “Grito” e a “Formiga Bossa Nova”. Nada habituado à raiz triste de um fado trinado, o vocalista dos Moonspell empresta o seu poderio vocal a um fado renascido por um pop consagrado.

“Amália era muito mais que Fado. Amália era a voz. Mas atrás das letras, do tom triste e melancólico, havia melodias que queriam mais espaço que umas tristes guitarras”, diz Nuno Gonçalves.

Intitulado «Amália Hoje», o álbum terá nove fados imortalizados por Amália Rodrigues e sairá a 27 de Abril pela La Folie e Valentim de Carvalho Multimédia, no ano em que se completa uma década da morte da fadista.


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