Olho à minha volta e estou rodeado de palavras aleatórias, organizadas em capas e contracapas. As letras enchem-me os olhos de sorrisos rasgados, tais como as folhas que caem no meu chão mental.
A Feira do Livro de Coimbra realiza, este ano, a sua 30ª edição. Uma das feiras mais antigas e a terceira maior do país comemora o centenário do nascimento de Miguel Torga, escritor transmontano intimamente ligado a Coimbra.
Desde livros técnicos até histórias de encantar, onde os cavalos brancos transportam os mais bonitos e felizes amantes, muitos são os livros que podemos encontrar. Encostados a uma parede suja de sangue, carregamos o mapa de tesouro que outrora serviu para encontrar vestígios de diamantes… Ao longe, dois indivíduos sinistros vestem calmamente a capa que os encobre do ouro que trocam. Do outro lado da rua, as cores são vivas e as pessoas transformam-se em animais falantes! Estou numa banda desenhada, rodeado de pinturas e balões, parado num movimento leve e sublime. Espreito pela janela e a minha expressão facial altera-se ao deparar-se com tamanha beleza. Um campo de infinito verde, revela-se perante mim com o relevo que tanto lhe diz respeito. Entrei noutra história, vejo homens de feio e gigantesco porte na minha direcção. Quero fugir… Encontro um esconderijo por detrás de um verso. Um simples verso, onde me encontro perdido. Um simples verso onde perco quem eu sou…
O evento é uma co-organização da Câmara Municipal de Coimbra e da Arcádia, e contou com o apoio do INATEL, delegação de Coimbra. Esta iniciativa começou no dia 19 de Abril e irá desenrolar-se até ao próximo dia seis de Maio.
“Até ao momento, a Feira está a ser um sucesso”, afirma Mário Nunes, Vereador da Cultura da Câmara Municipal de Coimbra. Não seria de esperar outra coisa, uma vez que esta cidade sempre teve grande tradição cultural, e as letras sempre ocuparam um espaço bastante importante na estante interior da população.
Para além dos inúmeros livros que a Feira coloca ao dispor, muitos deles a preços reduzidos, outras áreas culturais são tidas em consideração. Assim, espectáculos de Ilusionismo, desfiles de gigantones e palhaços, divulgação de gastronomia, entre outros, irão animar e colorir a tenda, situada na Praça da República.
No Dia Mundial do Livro, que se realizou na passada segunda-feira, 23 de Abril, prestou-se uma sentida homenagem a Miguel Torga, um dos grandes pintores de letras nacionais, com a prestação de cinco músicos e dois actores que protagonizaram a “Ópera Bichus”. A narrativa da peça, inspirada na obra «Bichos», de Miguel Torga, desenrola-se através das figuras de Jesus e Madalena, personagens dos contos do escritor transmontano. A guitarra de Coimbra, a guitarra clássica, o violoncelo, o violino, a percussão e a harpa são os instrumentos escolhidos. Aldeia, terra, casa e monte, assim como liberdade, solidão e morte, ambientes e gestos indissociáveis da obra de Miguel Torga, estão presentes em todo o espectáculo. A “Ópera Bichus”, cujo texto foi escrito por Jorge Vaz Nande, perspectiva uma leitura transversal dos catorze contos que integram a obra “Bichos”, recolhendo alguns dos seus elementos centrais e colocando-os num contexto dramatúrgico próprio. “O tema fundamental é a liberdade, enquanto figura da livre expressão humana e questão também fundamental na vida e obra de Miguel Torga”, assinala a Associação Cultural de Música e Teatro Arte à Parte.
João Castro, um dos muitos visitantes da Feira do Livro, afirma estar “bastante satisfeito com a realização deste tipo de eventos, uma vez que enriquece culturalmente a cidade de Coimbra e permite um maior acesso à leitura, neste caso”.
Enquanto folheia um livro de corações pintado, Rita Araújo mexe lentamente os lábios como se dissesse “Sim!” à pergunta que a personagem principal coloca ao seu amor. “Adoro romances e os seus finais felizes. Tudo o que englobe histórias de amor, vingança, traição, eu leio”.
Mário Nunes, por sua vez, não esconde o prazer que tem em ler romances históricos e livros que tenham que ver com a sua área profissional.
Partindo palavras por dentro, ouço com os meus próprios sentidos o que sinto neste momento. Encosto o meu corpo a uma pilha de livros, moldo as minhas veias à minha massa cinzenta, e distribuo o olhar pelo cheiro antigo das letras.
Oh meu caro professor
Eu quero lhe agradecer
Por ter ganho o meu nariz
Nele vou a toda a parte
É uma força motriz
Vou a Roma e a Paris
Vou à lua e vou a Marte.
Carlos Tê
A Feira do Livro de Coimbra realiza, este ano, a sua 30ª edição. Uma das feiras mais antigas e a terceira maior do país comemora o centenário do nascimento de Miguel Torga, escritor transmontano intimamente ligado a Coimbra.
Desde livros técnicos até histórias de encantar, onde os cavalos brancos transportam os mais bonitos e felizes amantes, muitos são os livros que podemos encontrar. Encostados a uma parede suja de sangue, carregamos o mapa de tesouro que outrora serviu para encontrar vestígios de diamantes… Ao longe, dois indivíduos sinistros vestem calmamente a capa que os encobre do ouro que trocam. Do outro lado da rua, as cores são vivas e as pessoas transformam-se em animais falantes! Estou numa banda desenhada, rodeado de pinturas e balões, parado num movimento leve e sublime. Espreito pela janela e a minha expressão facial altera-se ao deparar-se com tamanha beleza. Um campo de infinito verde, revela-se perante mim com o relevo que tanto lhe diz respeito. Entrei noutra história, vejo homens de feio e gigantesco porte na minha direcção. Quero fugir… Encontro um esconderijo por detrás de um verso. Um simples verso, onde me encontro perdido. Um simples verso onde perco quem eu sou…
O evento é uma co-organização da Câmara Municipal de Coimbra e da Arcádia, e contou com o apoio do INATEL, delegação de Coimbra. Esta iniciativa começou no dia 19 de Abril e irá desenrolar-se até ao próximo dia seis de Maio.
“Até ao momento, a Feira está a ser um sucesso”, afirma Mário Nunes, Vereador da Cultura da Câmara Municipal de Coimbra. Não seria de esperar outra coisa, uma vez que esta cidade sempre teve grande tradição cultural, e as letras sempre ocuparam um espaço bastante importante na estante interior da população.
Para além dos inúmeros livros que a Feira coloca ao dispor, muitos deles a preços reduzidos, outras áreas culturais são tidas em consideração. Assim, espectáculos de Ilusionismo, desfiles de gigantones e palhaços, divulgação de gastronomia, entre outros, irão animar e colorir a tenda, situada na Praça da República.
No Dia Mundial do Livro, que se realizou na passada segunda-feira, 23 de Abril, prestou-se uma sentida homenagem a Miguel Torga, um dos grandes pintores de letras nacionais, com a prestação de cinco músicos e dois actores que protagonizaram a “Ópera Bichus”. A narrativa da peça, inspirada na obra «Bichos», de Miguel Torga, desenrola-se através das figuras de Jesus e Madalena, personagens dos contos do escritor transmontano. A guitarra de Coimbra, a guitarra clássica, o violoncelo, o violino, a percussão e a harpa são os instrumentos escolhidos. Aldeia, terra, casa e monte, assim como liberdade, solidão e morte, ambientes e gestos indissociáveis da obra de Miguel Torga, estão presentes em todo o espectáculo. A “Ópera Bichus”, cujo texto foi escrito por Jorge Vaz Nande, perspectiva uma leitura transversal dos catorze contos que integram a obra “Bichos”, recolhendo alguns dos seus elementos centrais e colocando-os num contexto dramatúrgico próprio. “O tema fundamental é a liberdade, enquanto figura da livre expressão humana e questão também fundamental na vida e obra de Miguel Torga”, assinala a Associação Cultural de Música e Teatro Arte à Parte.
João Castro, um dos muitos visitantes da Feira do Livro, afirma estar “bastante satisfeito com a realização deste tipo de eventos, uma vez que enriquece culturalmente a cidade de Coimbra e permite um maior acesso à leitura, neste caso”.
Enquanto folheia um livro de corações pintado, Rita Araújo mexe lentamente os lábios como se dissesse “Sim!” à pergunta que a personagem principal coloca ao seu amor. “Adoro romances e os seus finais felizes. Tudo o que englobe histórias de amor, vingança, traição, eu leio”.
Mário Nunes, por sua vez, não esconde o prazer que tem em ler romances históricos e livros que tenham que ver com a sua área profissional.
Partindo palavras por dentro, ouço com os meus próprios sentidos o que sinto neste momento. Encosto o meu corpo a uma pilha de livros, moldo as minhas veias à minha massa cinzenta, e distribuo o olhar pelo cheiro antigo das letras.
Oh meu caro professor
Eu quero lhe agradecer
Por ter ganho o meu nariz
Nele vou a toda a parte
É uma força motriz
Vou a Roma e a Paris
Vou à lua e vou a Marte.
Carlos Tê
André Pereira
O Despertar
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