Queria dizer isto sem parecer ridículo, mas não consigo, portanto cá vai: Hoje fui ver o “Mamma Mia”. Pronto, já disse. E acreditem que me custou. Não tanto como vê-lo, é um facto, mas doeu um bocadinho.
Este filme conta a estória de Donna (Meryl Streep), proprietária de um hotel numa ilha grega e mãe solteira de Sophie (Amanda Seyfried), que vai casar. Esta, ao saber que a mãe se envolveu com três homens há 20 anos atrás (exactamente a sua idade), decide convidá-los para a cerimónia. Tcharan!!! Adivinharam! A pobre moça quer descobrir quem é o seu pai: Bill Anderson (Stellan Skarsgard), Sam Carmichael (Pierce Brosnan) ou Harry Bright (Colin Firth).
Há homens e mulheres bonitas, músculos, silicone, praia, música, álcool, estórias por resolver e um bocadinho de açúcar. Tudo o que é necessário a uma boa receita holywoodesca. A partir daqui, basta ter dois dedos de testa para adivinhar o enredo.
Curioso é chegar ao fim sem saber quem é o pai de Sophie. É pena, porque me parece que esse foi o intuito inicial da rapariga, objectivo pelo qual “lutaria até ao fim do mundo para conseguir viver de bem consigo mesma”. E análises ADN? Não há? Talvez não na Grécia, a par de Portugal, um dos países que costuma andar na linha de água da liga europeia.
E água é o que não falta neste filme. Não só à volta da ilha, mas essencialmente dentro da ilha. Mais precisamente na cabeça de quem teve a brilhante ideia de realizar e produzir esta coisa.
Esta película é como uma música do Tony Carreira. Dentro do género até pode ser boa, mas não contem comigo para carregar no Play. Tem mais parecenças, como ter o mesmo target: mulheres na casa dos 40, 50 que dançam na cadeira e batem palmas a uma tela, enquanto gritam: És liiiiiiiiiiiiindo!
Coisa que este filme não é. Aliás, como poderia ser com um título destes? “Mamma Mia”?! Suspeito até que o título tenha sido escolhido depois de tudo estar pronto. O realizador senta-se na cadeirinha, liga o dvd, põe o filme a dar e a primeira coisa que pensa… “Minha mãe!!! O que fui eu fazer?!” Pelo menos era o que eu teria pensado.
Muitas das cenas em que um personagem inicia uma cantoria roçam ridículo. E estou a tentar ser imparcial. Porque, se escrever o que verdadeiramente penso, digo que, não só ultrapassam o ridículo, como não fazem pisca, excedem os limites de velocidade e pisam o duplo traço contínuo. Apetece tapar a cara com as mãos, deixar-se cair na cadeira e esperar que ninguém esteja a ver.
Gostei, ainda, de dois pormenores soberbos! O primeiro, quando a Donna está a cantar para o Sam numa rocha e depois foge dele. De saltos altos e com um vestido apertado consegue correr mais rápido do que um homem bem constituído, sem qualquer impedimento físico. E partiram os dois ao mesmo tempo. Curioso.
O outro pormenor remete-nos à cena do casamento. Após uma reviravolta na estória – nada prevista! – Donna e Sam dão o nó. Tal como o padre, quando chamou “marido” à Donna e “mulher” ao Sam. Terá sido uma private joke? Talvez, mas então o filme está cheio delas, é que não encontrei uma única que me fizesse levantar os cantos da boca.
E mais não digo, porque tenho o bom senso que o autor desta obra-prima não teve. Terminar na altura certa.
PS- É sempre bom ouvirmos um homem ao nosso lado a cantar uma música dos Abba.
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