Quanto aos últimos, nos seus discursos, nenhum líder partidário admitiu a derrota o que, por si só, revela uma de duas coisas: ou não sabem as regras ou então sabem as regras mas não as entendem. Quando se luta pelo primeiro lugar, qualquer outra posição equivale a uma derrota. Ora bem, amigos do PSD, PP, BE e PCP, deixem ver se vos consigo explicar de forma mais simples: 1º lugar – vencedor; 2º, 3º, 4º e 5º lugares: vencidos. Isto tendo em conta que todos os partidos concorrem para o 1º lugar. Se assim não for, não vejo qual a credibilidade das suas propostas. Um partido só se assume realmente como um partido se os ideais que estão na sua génese forem considerados pelos seus membros como os ideais a seguir pelo país. Eu sou do Benfica e “sofro” pelo Benfica porque quero que ele ganhe, que seja campeão. Bem como os adeptos do Porto, do Sporting, do Guimarães, da Académica ou do Braga querem que os seus clubes vençam e sejam os melhores. Não me contento, de forma alguma, com o segundo, terceiro, quarto ou quinto lugares. Por tudo isto, qualquer partido que não tenha ficado em primeiro lugar não se pode nomear de vencedor. É errado. Completamente errado.
No entanto, compreendo a “síndrome dos pequenitos”. Há um mini-campeonato no qual competem todos os outros partidos que não o PS e PSD. Nesse ponto, o CDS-PP é o claro vencedor, colocando-se surpreendentemente (ou não) à frente do BE (apesar de ter aumentado de forma considerável o número de votos) e do PCP (que também aumentou o número de votos e de deputados). Visto deste prisma – em que ninguém se importa de ficar em último – todos estes partidos foram uns “vencidos-vencedores”, até porque todos subiram no número de votos e conseguiram o objectivo a que se propuseram: tirar a maioria absoluta ao PS.
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(esta é a primeira parte do artigo. Na segunda parte, serão analisados os partidos PS e PSD. Na terceira parte, o CDS-PP e o BE. Na quarta parte, o PCP-PEV e a Abstenção)
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Imagem: DR
2 comentários:
Essa comparação com o futebol parece-me fazer tábua rasa daquilo que é a política e, mais concretamente, do que foram estas eleições. O PS foi o primeiro, isso é inequívoco. Mais ainda se olharmos para as sondagens de 8 de Junho (se não estou em erro), que após as europeias lhe davam a derrota certa nas legislativas. Resistiu ao Freeport, à contestação e ao suposto problema das escutas, que acabou por fazer ricochete para o lado contrário. No entanto, foi o único partido a perder deputados em relação a 2005, algo que não referes e que tem a devida importância. Significa que as reformas que Sócrates implementou e quer continuar a implementar (e que é rara aquela de que discordo) não passarão da mesma forma no hemiciclo. Significa que os outros ganharam mais poder. E que Sócrates, mesmo continuando na frente, o perdeu. Para ele, a vitória de que falas, saberá porventura a menos do que os 10,46% do Paulinho das Feiras. Como um 5º lugar do Nacional da Madeira (com direito à UEFA) saberá muito melhor do que um segundo ou terceiro do Benfica. Mas, como te disse, não me agrada a comparação futebolística. É uma análise simplista que facilmente permite fazer o mesmo que os líderes "supostamente" derrotados: não admitir na plenitude o que se passou. grande abraço
Sim, em parte concordo contigo. Se olharmos para estas eleições como um circuito fechado, o PS foi o único vencedor. Todos os outros partidos, por muitos degraus que tenham subido, não se aproximaram nem de perto do Partido Socialista. E é sob essa perspectiva que fiz a primeira análise.
No entanto, claro que temos de ver este escrutínio através, também, de outras lentes. Claramente, o PS foi o único partido a perder deputados. E muito se ficou a dever ao esforço dos outros partidos. Porém, acho que esta ascensão do BE e do CDS é algo falsa. Isto porque, na minha opinião, não foi o BE e o CDS que ganharam eleitores, mas sim o PS que os perdeu. Mas temporariamente.
Digamos que foi um puxão de orelhas dos eleitores devido a algumas medidas impopulares tomadas pelo Governo. Daí ter dito que o único vencedor foi o PS porque, mesmo perdendo eleitores (e consequentemente deputados) não significa que tenha perdido apoiantes. Por outro lado, o BE e o CDS (talvez mais o BE) ganharam eleitores mas não apoiantes.
Transpondo para o mundo futebolístico, digamos que o BE e o CDS são aquelas equipas estrangeiras que jogam contra Portugal. Por muito que gostemos da nossa selecção, há alturas em que desejamos que ela perca porque não corresponde às nossas expectativas.
Um abraço
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