segunda-feira, 12 de abril de 2010

XV TUIST



No sábado, fui até ao Coliseu dos Recreios assistir ao XV TUIST, o festival de tunas organizado pela Tuna Universitária do Instituto Superior Técnico. A expectativa era enorme pois, enquanto tuno, foram muitos os festivais em que participei. Agora via-me do outro lado, a olhar para o palco e a recordar o que já lá vivi. A acrescentar a toda esta lamechice, o TUIST é um dos mais reconhecidos festivais nacionais. A bitola estava lá em cima. E manteve-se. Pelo menos até à primeira tuna - Tuna de Engenharia da Universidade do Porto - ter terminado a actuação. Juro que me vieram as lágrimas aos olhos. A partir daí, foi o descalabro total. A Azeituna (Tuna de Ciências da Universidade do Minho) fez com que a sua actuação parecesse um intervalo de 25 minutos, a Estudantina Universidade de Lisboa parecia uma rádio só de jingles e a Estudantina Universitária de Coimbra falhou no repertório. Estas foram as tunas a concurso.

Depois, ainda subiram a palco a Tuna Feminina do Instituto Superior Técnico (que mais valia nem terem ido - para ouvir música assim, prefiro um cd riscado da Micaela), a Tuna Académica do Liceu de Évora (uma banda filarmónica com traje) e, para terminar, a Tuna do Instituto Superior Técnico (sim senhor!).

A organização foi das piores coisinhas que já vi em toda a minha vida. Os cameramen estavam bêbedos (só podiam!), o realizador não parou de experimentar efeitos no Powerpoint e os apresentadores decidiram esquecer-se dos nomes dos júris em virtude do manancial enjoativo de trocadilhos que faria o Fernando Mendes corar de vergonha.

Mas o que mais me chateou foi o mau gosto de algumas tunas. Por que raio é que se opta por cantar músicas espanholas quando - na verdade - ninguém percebe absolutamente nada do que é dito? Porquê? Mas isso nem é o principal. Afinal, há escolas de línguas para alguma coisa. Mas, o SENTIMENTO não é o coração da música? A emoção que lá está dentro e que é atirada cá para fora como uma chapada na cara, como um murro no estômago ou um pontapé nos tomates? Seja o que for, a música é emoção e cantar pimbalhadas estrangeiras, lá porque a maior parte do público não percebe nem sente o que transmitem, não faz de quem as interpreta um grande músico. Mas sim, um idiota. Ou muitos idiotas. Cantar Fernando Tordo, Carlos do Carmo, Amália Rodrigues ou Carlos Mendes (como muito bem se fez nessa noite) trouxe recordações, trouxe palavras cantadas de cor no coliseu, trouxe peles de galinha, trouxe sorrisos na tentativa de perceber o conteúdo, trouxe lágrimas de quem sente falta do Ary, trouxe "foda-ses o gajo era mesmo um génio", trouxe arrepios nas notas mais agudas, arrepios nas notas mais graves, arrepios nas notas "normais". Trouxe arrepios. Ponto. Música cantada en castellano porque sí comigo não funciona. Mesmo. Arrepia-me sim, mas de nojo.

4 comentários:

Anónimo disse...

Já agora podias dizer porque é que achaste a actuação da Azeituna um intervalo de 25 min???

Eu estive lá e não achei nada disso... Têm um reportório bastante diferente,isso sim,e criaram uma empatia com o público muito interessante e contagiante!!!

Cumprimentos

André Pereira disse...

Na minha opinião, a empatia com o público foi evidente, mas apenas entre as músicas, com o tuno bem humorado e com piada.

De resto, apesar de ter um repertório apresentável, não me pareceu o mais adequado para a ocasião. Melodias chatas, "sem sal" e muito distantes das que já vi a Azeituna interpretar noutros espectáculos.

Cumprimentos e obrigado pelo comentário,

Anónimo disse...

não vi, não fui, já fui "gente das tunas" e devo dizer que não gosto de espanholadas!

Posto isto, o Ary coitado deve ter dado umas quantas voltas na tumba..

André Pereira disse...

Eu não disse que não gosto de espanholadas. Há umas melhores que outras.

O Ary até não deu muitas voltas. Gostei do que ouvi.