Lá fora está frio, a chuva cai intermitentemente e o sol aparece escondido por entre as nuvens. Está o tempo ideal para ficar em casa, enrolado nos cobertores, moldar o corpo ao sofá e, com aquela magnífica invenção humana que é o comando, controlar o nosso mundo visual com um simples movimento do polegar. “Vamos acender a lareira”, ouve-se em uníssono pela sala de estar. Talvez não seja pior, até porque este frio é intenso e, como a lua nos vem visitar mais cedo do que nas outras alturas do ano, sabe sempre bem ter os pés descalços junto ao lume que nos abstrai das preocupações diárias.
A família reúne-se e, tal como na música de Paulo de Carvalho, todos os meninos brincam com os seus bonecos e bonecas, carros e puzzles. Inventam a sua liberdade e tentam, maioritariamente com sucesso, interferir na liberdade dos seus pais. “Quero este Action-Man, o Noddy e o seu carro amarelo e o Power-Ranger Azul!”, “Eu quero uma saia e umas sapatilhas da Floribella e um Nenuco que come sozinho!”. Quem já não ouviu estas palavras da boca “inocente” de uma criança? E os pais, meros comandos televisivos, invertem posições hierárquicas e são chefiados pelos mais pequenos que exigem e alcançam todos os seus objectivos. Claro que as crianças fazem-no de forma inconsciente, pois o seu mundo ainda não contempla responsabilidades económicas que mais tarde lhes causarão muitas dores de cabeça.
Mas a caixinha mágica, que nos tem proporcionado tantas alegrias e nos permite olhar e ver o mundo que nos rodeia também tem o seu lado menos correcto. A versão manipuladora da televisão (que sempre existiu e nunca deixará de existir) tem-se virado, nestes últimos anos, para a captação da atenção das crianças. De forma aparentemente inofensiva, as empresas publicitam até à exaustão os seus produtos através dos mais variados meios de comunicação, com especial relevo para a televisão. Antes e depois de um programa infantil com elevada audiência, durante o horário nobre, ou seja, sempre que é possível fazê-lo. Não quero estar a retirar o direito à publicidade destas empresas, antes pelo contrário, mas penso que chegámos a um ponto de saturação que tem feito com que o Natal perca todo o seu sentido (o nascimento de Jesus, independentemente para quem acredite ou não).
A Coca-Cola substituiu o menino Jesus pelo Pai Natal e inventou outras noções para o mesmo. A tónica baseada no Amor, Paz, Harmonia, Felicidade, União (e todos os outros conceitos que ninguém respeita na sua totalidade) desapareceram, dando lugar ao Euro, ao Cartão Visa, ao cheque (muitas vezes em branco, da cor da neve) que está ao alcance de todos, mesmo ao alcance daqueles que não têm possibilidades. Até a própria data é antecipada meses antes (sim, já havia enfeites de Natal no mês de Outubro!) para contribuir para este espírito de Amor Universal!
Lá fora continua frio, a chuva cai de forma mais intensa e o sol, que agora já deu lugar à lua, quando aparece, não é para todos. Talvez seja mesmo melhor acender a lareira e aquecer os pés descalços cansados de caminhar.
A família reúne-se e, tal como na música de Paulo de Carvalho, todos os meninos brincam com os seus bonecos e bonecas, carros e puzzles. Inventam a sua liberdade e tentam, maioritariamente com sucesso, interferir na liberdade dos seus pais. “Quero este Action-Man, o Noddy e o seu carro amarelo e o Power-Ranger Azul!”, “Eu quero uma saia e umas sapatilhas da Floribella e um Nenuco que come sozinho!”. Quem já não ouviu estas palavras da boca “inocente” de uma criança? E os pais, meros comandos televisivos, invertem posições hierárquicas e são chefiados pelos mais pequenos que exigem e alcançam todos os seus objectivos. Claro que as crianças fazem-no de forma inconsciente, pois o seu mundo ainda não contempla responsabilidades económicas que mais tarde lhes causarão muitas dores de cabeça.
Mas a caixinha mágica, que nos tem proporcionado tantas alegrias e nos permite olhar e ver o mundo que nos rodeia também tem o seu lado menos correcto. A versão manipuladora da televisão (que sempre existiu e nunca deixará de existir) tem-se virado, nestes últimos anos, para a captação da atenção das crianças. De forma aparentemente inofensiva, as empresas publicitam até à exaustão os seus produtos através dos mais variados meios de comunicação, com especial relevo para a televisão. Antes e depois de um programa infantil com elevada audiência, durante o horário nobre, ou seja, sempre que é possível fazê-lo. Não quero estar a retirar o direito à publicidade destas empresas, antes pelo contrário, mas penso que chegámos a um ponto de saturação que tem feito com que o Natal perca todo o seu sentido (o nascimento de Jesus, independentemente para quem acredite ou não).
A Coca-Cola substituiu o menino Jesus pelo Pai Natal e inventou outras noções para o mesmo. A tónica baseada no Amor, Paz, Harmonia, Felicidade, União (e todos os outros conceitos que ninguém respeita na sua totalidade) desapareceram, dando lugar ao Euro, ao Cartão Visa, ao cheque (muitas vezes em branco, da cor da neve) que está ao alcance de todos, mesmo ao alcance daqueles que não têm possibilidades. Até a própria data é antecipada meses antes (sim, já havia enfeites de Natal no mês de Outubro!) para contribuir para este espírito de Amor Universal!
Lá fora continua frio, a chuva cai de forma mais intensa e o sol, que agora já deu lugar à lua, quando aparece, não é para todos. Talvez seja mesmo melhor acender a lareira e aquecer os pés descalços cansados de caminhar.
André Pereira
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