Era uma vez, num sítio muito para lá das nuvens, um belo príncipe encantado. Seus cabelos dançavam em sentido oposto à correria de seu cavalo branco e os seus olhos alcançavam muito mais que aquilo que os nossos sentidos poderiam captar. Um dia, sem que o seu corpo se apercebesse, começou a bater constantemente algo no seu peito. Na margem do rio acabara de ver a causa de tamanha agitação. Com os pés assentes na imaginação e os olhos na realidade, entregou-lhe a chave que trazia ao peito. Esta, sem nunca ter existido, assumiu funções opostas à época. Aquilo que, até então, servira para trancar desgraçados nas masmorras e acorrentar miseráveis à sua insignificância, tomara agora outra finalidade. Abrira a corrente sanguinária que trespassava por todo o corpo do herdeiro real. Mas, como em todas as estórias de encantar, um homem se opôs a esta união. Seu pai, com medo de permitir que todos os seus castelos se transformassem num só em género feminino, chamou a si a ingénua feminina e mandou-a degolar. Inês, era este seu nome, acabara de verter o seu amor em espessos jorros de sangue. Pedro, o belo príncipe, fez uso contrário da sua chave e fez rainha aquela que “vivera eternamente em lágrimas”.
Esta bem poderia fazer parte do leque de estórias que viaja agora por algumas escolas e bibliotecas do concelho de Coimbra. A Câmara Municipal aderiu, através da Biblioteca Municipal de Coimbra e do Museu Municipal Edifício Chiado, uma vez mais, ao Plano Nacional de Leitura (PNL), um projecto que promove, até hoje, a Semana de Leitura.
Dirigida às escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico, esta iniciativa pretende distribuir letras faladas e escritas às muitas centenas de crianças envolvidas. Trata-se de uma animação da leitura que consiste numa viagem de histórias por algumas das escolas da rede concelhia com bibliotecas escolares. As escolas E.B.1 de Almalaguês, Vendas de Ceira, Taveiro, Ribeira de Frades e Eiras acolhem, assim, várias sessões de promoção da leitura, contadas por Liliana Machado.
Defronte da lareira, com as palmas das mãos no queixo a servirem de suporte à nossa cabeça, olhamos com atenção o infinito das palavras que nos entram pelos ouvidos. Temos os olhos colados no amarelo encarnado das chamas que nos aquecem. Contudo, a imagem que se apresenta ao nosso cérebro não é mais que um reflexo espelhado do que sai da boca enrugada e antiga da nossa avó. A cadeira baloiça a um ritmo melodioso, num compasso binário, de fácil entendimento. As palavras, essas, são música aos nossos ouvidos. Simples colcheias sustenidas em bemóis que nos fazem rir e chorar com finais “felizes para sempre”. Os príncipes loiros de olhos azuis vagueiam pelo calor da sala, e as Cinderelas dividem a merenda com quem encontraram no autocarro. Sabes Cinderela, gostamos de ti… E lembramos, com muita saudade, as noites em que adormecíamos com o ronronar da nossa imaginação.
Estas crianças também merecem sentir o bonito passado que nunca foi delas. Para isso, o presente é uma prenda vinda do futuro embrulhada num papel de arco-íris. Colorido como a bola que saltita entre as mãos das nossas pequenas pedras filosofais. Seguramente, elas não nos irão dar de mão beijada a mágica lâmpada de Aladino nem nos permitirão viver eternamente neste mundo. Mas os três desejos que poderíamos pedir talvez nos proporcionassem uma vida melhor. Muitos trincam a maçã que se encontra na casa das sete pequenas grandes maravilhas da fantasia, outros decidem ir pelo caminho indicado pelo aparentemente amável lobo mau. Porém, muitos são aqueles que não deixam de viver na Terra do Nunca. Voam ao lado de Peter Pan e tentam impedir o Capitão Gancho de cometer constantes piratarias.
O tesouro da leitura
Mas o verdadeiro tesouro está no incentivo e consolidação de hábitos de leitura junto das crianças. É este o verdadeiro objectivo do Departamento da Cultura, presidido por Mário Nunes.
O vereador, orgulhoso desta e de outras iniciativas a realizar, espera “que a semana da leitura seja um grande sucesso.” Segundo o próprio, “é esperado um número mínimo de 2000 pessoas.” Aliás, não é um número indiferente à Casa da Cultura, visto que os seus frequentadores aumentam de dia para dia.
“A leitura-crítica-conclusão é a principal tríade desta iniciativa que pretende alargar os horizontes de leitura às crianças”, afirma Mário Nunes.
Entre outras histórias, encontram-se "O Nabo Gigante", um conto tradicional de António Mota centrado num velho que semeou sementes de nabo na sua horta, que germinaram, cresceram e que, para seu espanto, se tornaram num nabo cada vez mais gigante! Até um dia ter resolvido arrancar o nabo da terra... "O Grufalão", de Julia Donaldson, considerado um clássico moderno da literatura infantil, é outra das histórias para contar, que fará as delícias das crianças, com as aventuras de um pequeno rato que consegue dissuadir vários animais na floresta de o comer, inventando histórias de um monstro feio e assustador (mas imaginário) chamado "grufalão"... Qual não é o espanto do ratinho quando o grufalão realmente aparece! Em 1999, esta obra recebeu o Prémio Smarties para o melhor livro infantil editado no Reino Unido e também o Prémio Blue Peter para o melhor livro para ler em voz alta. Já o Serviço Educativo do Museu Municipal – Edifício Chiado promove, de Terça a Sexta-feira (em horário a acordar com os interessados), sessões de leitura que exploram as Lendas de Portugal.
E assim, com os dedos entrelaçados nas letras infantis, inventamos um mundo onde as nossas glândulas lacrimais desaparecem e vivemos felizes para sempre.
Esta bem poderia fazer parte do leque de estórias que viaja agora por algumas escolas e bibliotecas do concelho de Coimbra. A Câmara Municipal aderiu, através da Biblioteca Municipal de Coimbra e do Museu Municipal Edifício Chiado, uma vez mais, ao Plano Nacional de Leitura (PNL), um projecto que promove, até hoje, a Semana de Leitura.
Dirigida às escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico, esta iniciativa pretende distribuir letras faladas e escritas às muitas centenas de crianças envolvidas. Trata-se de uma animação da leitura que consiste numa viagem de histórias por algumas das escolas da rede concelhia com bibliotecas escolares. As escolas E.B.1 de Almalaguês, Vendas de Ceira, Taveiro, Ribeira de Frades e Eiras acolhem, assim, várias sessões de promoção da leitura, contadas por Liliana Machado.
Defronte da lareira, com as palmas das mãos no queixo a servirem de suporte à nossa cabeça, olhamos com atenção o infinito das palavras que nos entram pelos ouvidos. Temos os olhos colados no amarelo encarnado das chamas que nos aquecem. Contudo, a imagem que se apresenta ao nosso cérebro não é mais que um reflexo espelhado do que sai da boca enrugada e antiga da nossa avó. A cadeira baloiça a um ritmo melodioso, num compasso binário, de fácil entendimento. As palavras, essas, são música aos nossos ouvidos. Simples colcheias sustenidas em bemóis que nos fazem rir e chorar com finais “felizes para sempre”. Os príncipes loiros de olhos azuis vagueiam pelo calor da sala, e as Cinderelas dividem a merenda com quem encontraram no autocarro. Sabes Cinderela, gostamos de ti… E lembramos, com muita saudade, as noites em que adormecíamos com o ronronar da nossa imaginação.
Estas crianças também merecem sentir o bonito passado que nunca foi delas. Para isso, o presente é uma prenda vinda do futuro embrulhada num papel de arco-íris. Colorido como a bola que saltita entre as mãos das nossas pequenas pedras filosofais. Seguramente, elas não nos irão dar de mão beijada a mágica lâmpada de Aladino nem nos permitirão viver eternamente neste mundo. Mas os três desejos que poderíamos pedir talvez nos proporcionassem uma vida melhor. Muitos trincam a maçã que se encontra na casa das sete pequenas grandes maravilhas da fantasia, outros decidem ir pelo caminho indicado pelo aparentemente amável lobo mau. Porém, muitos são aqueles que não deixam de viver na Terra do Nunca. Voam ao lado de Peter Pan e tentam impedir o Capitão Gancho de cometer constantes piratarias.
O tesouro da leitura
Mas o verdadeiro tesouro está no incentivo e consolidação de hábitos de leitura junto das crianças. É este o verdadeiro objectivo do Departamento da Cultura, presidido por Mário Nunes.
O vereador, orgulhoso desta e de outras iniciativas a realizar, espera “que a semana da leitura seja um grande sucesso.” Segundo o próprio, “é esperado um número mínimo de 2000 pessoas.” Aliás, não é um número indiferente à Casa da Cultura, visto que os seus frequentadores aumentam de dia para dia.
“A leitura-crítica-conclusão é a principal tríade desta iniciativa que pretende alargar os horizontes de leitura às crianças”, afirma Mário Nunes.
Entre outras histórias, encontram-se "O Nabo Gigante", um conto tradicional de António Mota centrado num velho que semeou sementes de nabo na sua horta, que germinaram, cresceram e que, para seu espanto, se tornaram num nabo cada vez mais gigante! Até um dia ter resolvido arrancar o nabo da terra... "O Grufalão", de Julia Donaldson, considerado um clássico moderno da literatura infantil, é outra das histórias para contar, que fará as delícias das crianças, com as aventuras de um pequeno rato que consegue dissuadir vários animais na floresta de o comer, inventando histórias de um monstro feio e assustador (mas imaginário) chamado "grufalão"... Qual não é o espanto do ratinho quando o grufalão realmente aparece! Em 1999, esta obra recebeu o Prémio Smarties para o melhor livro infantil editado no Reino Unido e também o Prémio Blue Peter para o melhor livro para ler em voz alta. Já o Serviço Educativo do Museu Municipal – Edifício Chiado promove, de Terça a Sexta-feira (em horário a acordar com os interessados), sessões de leitura que exploram as Lendas de Portugal.
E assim, com os dedos entrelaçados nas letras infantis, inventamos um mundo onde as nossas glândulas lacrimais desaparecem e vivemos felizes para sempre.
André Pereira
O Despertar – 09/03/07
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