“À vontade com as artes”
Coimbra está cada vez mais bonita. Na minha mente ecoam notas musicais que me enfeitiçam e transportam para outro patamar. Tal como nos desenhos animados, começam a surgir colcheias, semínimas e claves de sol por cima da minha cabeça e o meu corpo é arrastado como um simples objecto de metal absorvido pela força de um íman.
O som provém da zona antiga da cidade. Ainda de olhos fechados, calço as minhas pantufas e, pé ante pé, avanço lentamente pelo instável chão que piso. Olho à minha volta e estou cercado por imponentes moradias que outrora se encontravam no cimo da cidade. Avanço pela rua (quase tropeço num divã), e a melodia torna-se mais intensa. Desloco lentamente o olhar e encontro, ao meu lado esquerdo, a fonte de todas as notas que ouvi. É um edifício alto e bastante antigo, escondido pela memória que um dia lhe pertenceu. A sua cor triste espelha as flores que um dia o Rei da Universidade encontrou no regaço de sua mulher. É o número 22, essa capicua que, de par em par, abre as portas à minha pessoa.
Ao empurrar a resistente porta de madeira, esta abre-se diante de mim e mostra-me algo que nunca sequer imaginara que existira naquele lugar. Um bonito átrio, todo ele pintado de história, dá acesso a várias moradias. Ao fundo, do lado esquerdo, encontro uma placa onde finalmente consigo nomear a causa do meu sonambulismo musical – Ad Libitum Companhia das Artes.
Acompanhado por Paulo Pereira, presidente da Companhia, subo os degraus de madeira que se assemelham a um crescendo musical de suspense. Os planos sucedem-se e, findo o percurso, a minha surpresa quase me atira para o início das escadas. A minha expressão facial modifica-se, fico com os olhos maiores e fico mudo por momentos.
Estamos numa casa do século XVII, com um acolhedor hall de entrada, acarinhado por um belo sofá que nos convida a entrar. Esta divisão permite-nos optar por dois diferentes caminhos: regressar ao século XVII ou viajar até ao século XVIII. Unem-se, desta forma, duas épocas que se abraçam numa só, hoje!
Sinto o cheiro a música e ouço todos os aromas que atravessam a minha pele. As janelas, todas com banquinhos namoradeiros, fazem recordar filmes que nunca realmente vivi. Lá fora, o Mondego permanece tranquilo nesta calma manhã. Pequenas salas servem agora de local de aprendizagem e de convívio entre diversas pessoas.
A Ad Libitum Companhia das Artes surge da vontade do Grupo Vocal Ad Libitum em estabelecer relações de proximidade da música com outras artes do espectáculo, como a dança e o teatro, na procura de uma simbiose global.
A voz, o primeiro e natural instrumento, é o principal objecto de trabalho da academia. Para além de aulas individuais de canto, há ainda o coro infantil Ad Libitum, que tem como objectivo primordial a iniciação no maravilhoso mundo da música, de uma forma divertida e estruturada.
Mas não podemos deixar de lado aquele instrumento com teclas brancas e pretas, construído pela ponta dos nossos dedos e que vagueia pelo modo menor e maior, consoante a nossa escala melódica…
Ao som da música, vestimos algo mais prático e deixamos o nosso corpo flutuar aleatoriamente como o vapor que sai de uma chávena de café… Consoante o pretendido, serão praticados vários géneros de dança, através da prática de coreografias para posteriores apresentações.
Com o próprio sangue a dançar pelas veias o aluno pode, ainda, dedicar-se à nobre arte da representação. Utilizar o próprio líquido vermelho para fazer as outras pessoas corar de amor ou chorar por falta dele… Tudo sem que se perceba quem verdadeiramente é… Esta área teatral permite a aquisição de conhecimentos ao nível de preparação do trabalho de actor e gradual aprendizagem de diferentes regras de interpretação.
“O nosso grande objectivo é enquadrar estas três grandes áreas”. Quem o diz é Paulo Pereira, presidente da Companhia, que pretende dar uma nova cara à alta de Coimbra que, segundo ele, “tem sido bastante desaproveitada”.
Com apenas três semanas, a Companhia das Artes Ad Libitum conta com mais de 30 alunos inscritos. A adesão tem sido bastante positiva e as opiniões são música para os ouvidos dos responsáveis.
A Ad Libitum está localizada na Rua dos Coutinhos, junto ao largo da Sé Velha e pretende captar quem normalmente não tem acesso à cultura.
É com orgulho que Paulo Pereira fala deste seu novo projecto, que abraçou em conjunto com o Grupo Vocal Ad Libitum. Este grupo teve início em 1991 e o seu talento é inegável. Com reconhecido trabalho na promoção da cultura através da música, em todo o país e no estrangeiro, este grupo pretende ir mais longe.
Longe como onde este espaço me levou por breves momentos. Sento-me à mesa, como uma fatia de bolo de chocolate acabado de fazer e moldo as mãos à chávena de chá que aquece a minha alma. A cozinha, um dos compartimentos mais bonitos da casa, persegue o caminho de antiguidade moderna do restante espaço. O ambiente é familiar e acolhedor, os sonhos, esses, aproximam-se cada vez mais da realidade.
O som provém da zona antiga da cidade. Ainda de olhos fechados, calço as minhas pantufas e, pé ante pé, avanço lentamente pelo instável chão que piso. Olho à minha volta e estou cercado por imponentes moradias que outrora se encontravam no cimo da cidade. Avanço pela rua (quase tropeço num divã), e a melodia torna-se mais intensa. Desloco lentamente o olhar e encontro, ao meu lado esquerdo, a fonte de todas as notas que ouvi. É um edifício alto e bastante antigo, escondido pela memória que um dia lhe pertenceu. A sua cor triste espelha as flores que um dia o Rei da Universidade encontrou no regaço de sua mulher. É o número 22, essa capicua que, de par em par, abre as portas à minha pessoa.
Ao empurrar a resistente porta de madeira, esta abre-se diante de mim e mostra-me algo que nunca sequer imaginara que existira naquele lugar. Um bonito átrio, todo ele pintado de história, dá acesso a várias moradias. Ao fundo, do lado esquerdo, encontro uma placa onde finalmente consigo nomear a causa do meu sonambulismo musical – Ad Libitum Companhia das Artes.
Acompanhado por Paulo Pereira, presidente da Companhia, subo os degraus de madeira que se assemelham a um crescendo musical de suspense. Os planos sucedem-se e, findo o percurso, a minha surpresa quase me atira para o início das escadas. A minha expressão facial modifica-se, fico com os olhos maiores e fico mudo por momentos.
Estamos numa casa do século XVII, com um acolhedor hall de entrada, acarinhado por um belo sofá que nos convida a entrar. Esta divisão permite-nos optar por dois diferentes caminhos: regressar ao século XVII ou viajar até ao século XVIII. Unem-se, desta forma, duas épocas que se abraçam numa só, hoje!
Sinto o cheiro a música e ouço todos os aromas que atravessam a minha pele. As janelas, todas com banquinhos namoradeiros, fazem recordar filmes que nunca realmente vivi. Lá fora, o Mondego permanece tranquilo nesta calma manhã. Pequenas salas servem agora de local de aprendizagem e de convívio entre diversas pessoas.
A Ad Libitum Companhia das Artes surge da vontade do Grupo Vocal Ad Libitum em estabelecer relações de proximidade da música com outras artes do espectáculo, como a dança e o teatro, na procura de uma simbiose global.
A voz, o primeiro e natural instrumento, é o principal objecto de trabalho da academia. Para além de aulas individuais de canto, há ainda o coro infantil Ad Libitum, que tem como objectivo primordial a iniciação no maravilhoso mundo da música, de uma forma divertida e estruturada.
Mas não podemos deixar de lado aquele instrumento com teclas brancas e pretas, construído pela ponta dos nossos dedos e que vagueia pelo modo menor e maior, consoante a nossa escala melódica…
Ao som da música, vestimos algo mais prático e deixamos o nosso corpo flutuar aleatoriamente como o vapor que sai de uma chávena de café… Consoante o pretendido, serão praticados vários géneros de dança, através da prática de coreografias para posteriores apresentações.
Com o próprio sangue a dançar pelas veias o aluno pode, ainda, dedicar-se à nobre arte da representação. Utilizar o próprio líquido vermelho para fazer as outras pessoas corar de amor ou chorar por falta dele… Tudo sem que se perceba quem verdadeiramente é… Esta área teatral permite a aquisição de conhecimentos ao nível de preparação do trabalho de actor e gradual aprendizagem de diferentes regras de interpretação.
“O nosso grande objectivo é enquadrar estas três grandes áreas”. Quem o diz é Paulo Pereira, presidente da Companhia, que pretende dar uma nova cara à alta de Coimbra que, segundo ele, “tem sido bastante desaproveitada”.
Com apenas três semanas, a Companhia das Artes Ad Libitum conta com mais de 30 alunos inscritos. A adesão tem sido bastante positiva e as opiniões são música para os ouvidos dos responsáveis.
A Ad Libitum está localizada na Rua dos Coutinhos, junto ao largo da Sé Velha e pretende captar quem normalmente não tem acesso à cultura.
É com orgulho que Paulo Pereira fala deste seu novo projecto, que abraçou em conjunto com o Grupo Vocal Ad Libitum. Este grupo teve início em 1991 e o seu talento é inegável. Com reconhecido trabalho na promoção da cultura através da música, em todo o país e no estrangeiro, este grupo pretende ir mais longe.
Longe como onde este espaço me levou por breves momentos. Sento-me à mesa, como uma fatia de bolo de chocolate acabado de fazer e moldo as mãos à chávena de chá que aquece a minha alma. A cozinha, um dos compartimentos mais bonitos da casa, persegue o caminho de antiguidade moderna do restante espaço. O ambiente é familiar e acolhedor, os sonhos, esses, aproximam-se cada vez mais da realidade.
André Pereira
O Despertar – 16/03/07
5 comentários:
Como gostaria de ter partilhado esse momento contigo*
Força
Sê Grande
S. Aleixo
Gostava de saber mais da oferta desta academia estou mt interessada em praticar dança...
Olá Joana. Esta academia fica entre a Faculdade de Psicologia e a Sé Velha. É o nº22, no seguimento da estrada por onde passa o "Pantufas", a linha azul.
Os contactos são:
Telemóvel: 962 313 331
Email: adlibitumca@gmail.com
Site: www.adlibitumcoimbra.com
ola! eu gostava de saber mais sobre a academia, gostava muito de ter aulas de canto!!!
Olá Marco. A academia fica entre a Faculdade de Psicologia e a Sé Velha. É o nº22, no seguimento da estrada por onde passa o "Pantufas", a linha azul.
Os contactos são:
Telemóvel: 962 313 331
Email: adlibitumca@gmail.com
Site: www.adlibitumcoimbra.com
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