Apesar disso, considerando que o seu nome estava na lista da morte, Julius pensou que uma cerimónia discreta não seria má ideia. Afastou a ideia como se esta queimasse, já que durante toda a vida fora profundamente contra rituais. Sempre detestou as formas que as religiões usam para tirar a razão e a liberdade dos seus seguidores: os trajes cerimoniais, o incenso, os livros sagrados, os cantos gregorianos com o seu som hipnótico, os tapetes para ajoelhar, os mantos e solidéus, as mitras e os bastões dos bispos, as hóstias e os vinhos bentos, as cabeças a abanar e os corpos a balançar ao ritmo das velhas cantilenas. Considerava tudo isso uma parafernália da mais poderosa e duradoura vigarice, que fortalecia os líderes e satisfazia o desejo de submissão da comunidade.
Irvin D. Yalom
“A Cura de Schopenhauer”
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