Contra todas as previsões, Doris Lessing foi ontem distinguida com o Prémio Nobel da Literatura. A relativa surpresa com que o anúncio foi acolhido nada tem que ver com os méritos literários de uma autora que, prestes a completar 88 anos, já conquistou quase todos os mais importantes prémios literários - falta-lhe o Booker, para o qual foi nomeada três vezes -, mas apenas pelo facto de, na lista de principais favoritos, não constar o seu nome em evidência (o italiano Claudio Magris dominava os prognósticos das casas de apostas).
"Narradora épica da experiência feminina, que com cepticismo, ardor e uma força visionária perscruta uma civilização dividida", como justificou a Academia Sueca em comunicado, a romancista britânica é autora de uma obra cujo tom pessoalíssimo - a elegância da linguagem é uma marca dos seus livros - se alia a um combate de causas ideológicas (do feminismo aos direitos humanos) para criar uma obra que ao longo dos anos conquistou um número apreciável de leitores fiéis.
"A boa terrorista", "A erva canta" , "O quinto filho" ou "A revoltada" são apenas alguns dos títulos mais notórios de uma obra que reúne mais de 50 títulos de poesia, entre romances, poesia, ensaios, autobiografias, contos e ficção-científica.
O inconformismo discreto da multifacetada autora, nascida no actual Irão, não a impediu de assumir ao longo dos anos posições firmes que visavam colocar em xeque a corrupção latente em vários governos africanos ou a permanente subjugação da mulher às mãos de uma sociedade castradora. Mas o sentido de justiça assumiu também outras formas Lessing era já uma escritora renomada quando resolveu enviar, sob pseudónimo, um escrito inédito para uma editora. O texto acabaria por ser recusado, o que levou a escritora a assumir uma posição pública favorável aos jovens escritores, denunciando a podridão do meio literário.
Quando a Academia Sueca divulgou a sua decisão - "uma das mais meditadas que tomámos até agora", anunciou o director da instituição, Horace Engdahl -, Doris Lessing encontrava-se em Londres a fazer compras e só tomou conhecimento formal do anúncio quando se deparou com a agitação invulgar em frente à sua residência. "Nos últimos 30 anos ganhei todos os prémios. É um verdadeiro 'royal flush'", afirmou, satisfeita, aos jornalistas que durante duas horas esperaram pela sua chegada.
Dispersa por várias casas editoriais portuguesas, das Publicações Europa-América à Cotovia, a obra de Doris Lessing deverá agora ser agora alvo de uma atenção superior, já que vários da dezena e meia de livros publicados entre nós se encontram esgotados há muito. No dia 19 chega às livrarias, através da Presença, uma das mais recentes novelas da autora, "O sonho mais doce", publicado em 2001. Ainda sem data definida de publicação encontram-se "The golden notebook", porventura o seu título mais conhecido, e "The cleft", o último romance que assinou.
in Jornal de Notícias
"Narradora épica da experiência feminina, que com cepticismo, ardor e uma força visionária perscruta uma civilização dividida", como justificou a Academia Sueca em comunicado, a romancista britânica é autora de uma obra cujo tom pessoalíssimo - a elegância da linguagem é uma marca dos seus livros - se alia a um combate de causas ideológicas (do feminismo aos direitos humanos) para criar uma obra que ao longo dos anos conquistou um número apreciável de leitores fiéis.
"A boa terrorista", "A erva canta" , "O quinto filho" ou "A revoltada" são apenas alguns dos títulos mais notórios de uma obra que reúne mais de 50 títulos de poesia, entre romances, poesia, ensaios, autobiografias, contos e ficção-científica.
O inconformismo discreto da multifacetada autora, nascida no actual Irão, não a impediu de assumir ao longo dos anos posições firmes que visavam colocar em xeque a corrupção latente em vários governos africanos ou a permanente subjugação da mulher às mãos de uma sociedade castradora. Mas o sentido de justiça assumiu também outras formas Lessing era já uma escritora renomada quando resolveu enviar, sob pseudónimo, um escrito inédito para uma editora. O texto acabaria por ser recusado, o que levou a escritora a assumir uma posição pública favorável aos jovens escritores, denunciando a podridão do meio literário.
Quando a Academia Sueca divulgou a sua decisão - "uma das mais meditadas que tomámos até agora", anunciou o director da instituição, Horace Engdahl -, Doris Lessing encontrava-se em Londres a fazer compras e só tomou conhecimento formal do anúncio quando se deparou com a agitação invulgar em frente à sua residência. "Nos últimos 30 anos ganhei todos os prémios. É um verdadeiro 'royal flush'", afirmou, satisfeita, aos jornalistas que durante duas horas esperaram pela sua chegada.
Dispersa por várias casas editoriais portuguesas, das Publicações Europa-América à Cotovia, a obra de Doris Lessing deverá agora ser agora alvo de uma atenção superior, já que vários da dezena e meia de livros publicados entre nós se encontram esgotados há muito. No dia 19 chega às livrarias, através da Presença, uma das mais recentes novelas da autora, "O sonho mais doce", publicado em 2001. Ainda sem data definida de publicação encontram-se "The golden notebook", porventura o seu título mais conhecido, e "The cleft", o último romance que assinou.
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