Diário de Fictícias – Bom dia, Senhor Doutor, como está?
Desemprego – Ora muito bom dia. Pode-me trazer uma torrada e um galão, se faz favor?
DF – Não sei se me está a reconhecer, eu sou um jornal, não trabalho neste café. Aliás, desde que o senhor cá entrou, ninguém trabalha cá.
Desemprego – Epá, que chatice… Estava mesmo a precisar de um bom pequeno-almoço. Há uns anitos que não como nada… Aliás, não faço nada há muito tempo, para onde quer que vá encontro tudo fechado. Viajo apenas de país em país, visitando muitas cidades e diferentes tipos de pessoas.
DF – Conhece muitos países, portanto. Como veio parar a Portugal?
Desemprego – Não foi difícil. No roteiro turístico que me deram na agência de viagens, Portugal é o país mais procurado pelos meus compatriotas. Não só pelo bom clima económico, como também pela excelente organização a nível social.
DF – Sim, são características do nosso país que atraem muitos turistas.
Desemprego – Acredito, mas eu não estou em Portugal a passar férias, não sou um turista neste país. Aliás, estou mesmo a pensar comprar casa e investir em diversos sectores.
DF – Pode ser mais específico?
Desemprego – Sabe, não tenho interesse em nenhuma área específica, o mercado define onde e quando eu devo intervir. O sector público tem sido o meu preferido e, durante uns tempos, continuará a ser.
DF – Porquê a sua insistência no sector público e não no privado?
Desemprego – Não sou eu que escolho onde trabalhar, mas sim o Governo de cada país. Mas estou a gostar muito de trabalhar na função pública, tudo é muito organizado e a aplicação e eficiência são extremas. No que respeita ao sector privado, parece-me que as decisões estão a ser tomadas correctamente.
DF – Ultimamente, muitas são as pessoas que vêm para a rua manifestar-se contra si e contra o Governo. Perante isso, que análise faz?
Desemprego – Eu não sei por que razão as pessoas não gostam de mim… Sou essencial para o bom funcionamento de qualquer sociedade. Por outro lado, grande parte das pessoas que está desempregada manifesta-se sem razão. O meu primo Trabalho tem uma área de influência razoável, mas poderia ser maior. As pessoas procuram mais o meu irmão Emprego do que o meu primo. Depois, cai-me tudo em cima.
DF – Hoje em dia, aparece em jornais, revistas, é tema de abertura do Telejornal, conversa de café, tudo gira à sua volta… É uma figura pública com um peso inquestionável na nossa sociedade…
Desemprego – Sim, eu reconheço isso. Estou “nas bocas do mundo” mas, infelizmente, pelas piores razões. Sou muito activo e de uma coisa posso ter a certeza, tenho sempre emprego garantido.
Desemprego – Já agora, podemos combinar um próximo encontro, para tomar um café ou ir ao cinema?
DF – (atrapalhado) Não, não… deixe estar. Ultimamente tenho tido muito trabalho e, apesar do esforço e sacrifício que isso implica, prefiro continuar. Obrigado pela entrevista, e veja lá se tira umas férias!
Desemprego – Ora muito bom dia. Pode-me trazer uma torrada e um galão, se faz favor?
DF – Não sei se me está a reconhecer, eu sou um jornal, não trabalho neste café. Aliás, desde que o senhor cá entrou, ninguém trabalha cá.
Desemprego – Epá, que chatice… Estava mesmo a precisar de um bom pequeno-almoço. Há uns anitos que não como nada… Aliás, não faço nada há muito tempo, para onde quer que vá encontro tudo fechado. Viajo apenas de país em país, visitando muitas cidades e diferentes tipos de pessoas.
DF – Conhece muitos países, portanto. Como veio parar a Portugal?
Desemprego – Não foi difícil. No roteiro turístico que me deram na agência de viagens, Portugal é o país mais procurado pelos meus compatriotas. Não só pelo bom clima económico, como também pela excelente organização a nível social.
DF – Sim, são características do nosso país que atraem muitos turistas.
Desemprego – Acredito, mas eu não estou em Portugal a passar férias, não sou um turista neste país. Aliás, estou mesmo a pensar comprar casa e investir em diversos sectores.
DF – Pode ser mais específico?
Desemprego – Sabe, não tenho interesse em nenhuma área específica, o mercado define onde e quando eu devo intervir. O sector público tem sido o meu preferido e, durante uns tempos, continuará a ser.
DF – Porquê a sua insistência no sector público e não no privado?
Desemprego – Não sou eu que escolho onde trabalhar, mas sim o Governo de cada país. Mas estou a gostar muito de trabalhar na função pública, tudo é muito organizado e a aplicação e eficiência são extremas. No que respeita ao sector privado, parece-me que as decisões estão a ser tomadas correctamente.
DF – Ultimamente, muitas são as pessoas que vêm para a rua manifestar-se contra si e contra o Governo. Perante isso, que análise faz?
Desemprego – Eu não sei por que razão as pessoas não gostam de mim… Sou essencial para o bom funcionamento de qualquer sociedade. Por outro lado, grande parte das pessoas que está desempregada manifesta-se sem razão. O meu primo Trabalho tem uma área de influência razoável, mas poderia ser maior. As pessoas procuram mais o meu irmão Emprego do que o meu primo. Depois, cai-me tudo em cima.
DF – Hoje em dia, aparece em jornais, revistas, é tema de abertura do Telejornal, conversa de café, tudo gira à sua volta… É uma figura pública com um peso inquestionável na nossa sociedade…
Desemprego – Sim, eu reconheço isso. Estou “nas bocas do mundo” mas, infelizmente, pelas piores razões. Sou muito activo e de uma coisa posso ter a certeza, tenho sempre emprego garantido.
Desemprego – Já agora, podemos combinar um próximo encontro, para tomar um café ou ir ao cinema?
DF – (atrapalhado) Não, não… deixe estar. Ultimamente tenho tido muito trabalho e, apesar do esforço e sacrifício que isso implica, prefiro continuar. Obrigado pela entrevista, e veja lá se tira umas férias!