sexta-feira, 16 de junho de 2006

Agostinho da Silva - “Um professor da vida e um pensador livre”


Agostinho da Silva percorreu os “caminhos de um homem transparente”, tendo sido um controverso e enigmático pensador. Nasceu no Porto mas escolheu Barca d’Alva como “Terra Mãe”, a última terra Portuguesa, entre a Beira e Alto Douro, antes da fronteira Espanhola. Era uma terra de gente pobre, onde não havia escola nem luz eléctrica e só havia pão uma vez por semana. Contudo, era o paraíso de vida para Agostinho da Silva.

O pensador, e também pedagogo, terminou a licenciatura em Filologia Clássica, na primeira Faculdade da cidade do Porto, com a média final de 20 valores.

Antes de começar a estudar, o seu grande sonho era ser marinheiro, sonho esse que não conseguiu realizar.

Leonardo Coimbra, fundador da Faculdade de Letras do Porto, assumiu o papel de Professor de Filosofia Medieval de Agostinho. Porém, este não nutria muita simpatia pela matéria, acabando, mesmo assim, por fazer a disciplina.

Quando acabou a sua licenciatura, cita que: ”A minha licenciatura não foi em Filologia Clássica, foi em Liberdade”.

Em 1942, publica um caderno que designa por “Cristianismo”. Este escrito chocou com as ideias do Regime Salazarista, o que fez com que Agostinho fosse acusado de perturbador, impedindo-o de fazer as suas conferências. Mais tarde, acabou por ser detido em regime de isolamento total, durante 20 dias, por ter desrespeitado as regras que lhe foram impostas. Esta sua força fez dele um homem de movimento, pluridimensional e pluricultural.

Partiu, então, para o Brasil, onde esperava encontrar, do outro lado do Atlântico, a oportunidade de realizar os seus sonhos e também encontrar uma cultura que respeitasse o modo de pensar de cada um.

Em 1958, acaba por se naturalizar Brasileiro. Era um homem que afirmava não estar interessado em coisa alguma, somente em viver.

Regressa a Portugal, em 1969, devido à ditadura que tinha chegado ao Brasil e, em 1990, transforma-se num líder de comunicação na RTP com o programa televisivo “Conversas Vadias”. Posteriormente, retira-se, acabando por rejeitar a comunicação social: “Cada vez gosto mais de menos gente”.

Já com 87 anos, este homem que falava 12 línguas, admite que raramente lia jornais, com excepção do “Público”, por causa do “Calvin”. Quando foi questionado em relação à morte, afirmou: “Não penso nada, nunca morri, depois, quando morrer, e se souber alguma coisa, eu comunico”. Em 1994, acaba por falecer de um acidente vascular cerebral.
André Pereira
Mariana Alves

1 comentário:

DrSerranito disse...

Num país de burros, um inteligente nunca se safa..

20 valores,... escritor, pensador nato...
Obrigado a refugiar-se lá fora, porque o seu país é
demasiado minúsculo para tamanha grandeza de espirito
e pensamento..

Isto visto no geral, pode levar a certo tipo de pensamentos,
todos eles negativos, mas se calhar, meros espelhos de um
Portugal actual...

É por isso que digo e repito que o 25 de Abril foi uma treta.
Verdade que a repressão nunca foi boa conselheira,mas..Portugal
até então nunca tinha estado tão bem..Salazar evitou que Portugal
perdesse mais milhares de homens numa guerra..
Salazar conseguiu fazer negócio e equilibrar Portugal, tirando-o
da miséria extrema..

Mas...meus amigos..será que realmente o país ganhou com essa liberdade?
Soubemos nós dar uso a semelhante valor? Estariam cá as pessoas certas
para levar Portugal a bom caminho e a valorizar o que tanto custou a
Portugal ganhar?
Pois...a fuga de cérebros é terrivel e mais terrivel foi a maneira como
Portugal avançou a partir de aí. Portugal hoje é reflexo disso.
Digam mal de muitos, mas Hitler, Salazares, Mussolinis não foram ditadores
por conta própria. Foi a ocasião que o impõs. Foi Hitler, como podia ter
sido outro, Salazar, porque foi o melhor ministro da altura. Era ele que
era o Ministro das Finanças e soube bem governar o que tinha..

Quando olho para o passado, e vejo a ponte Salazar( há quem lhe chame
ponte 25 de Abril..), vejo o futuro.
Sabendo do passado, podemos compreender o futuro.
Prevendo o futuro, podemos controlar o presente.


Como em tudo, há necessidade de líderes e hoje, quem vemos no poder?
O Marques Mendes..? O Sócrates..? O Guterres..? O Louçã..? ....?

Valha-nos o S.Cavaco, que tanta fé nele deposito...