quarta-feira, 28 de junho de 2006

Insónia

“Esfregou os olhos, sentindo a rigidez do corpo. Não tinha dormido bem, a acordar depois de cada sonho, e recordava-se de ver os ponteiros do relógio em diferentes posições durante a noite, como se a confirmar a passagem do tempo.”

Nicholas Sparks
O Diário da Nossa Paixão

segunda-feira, 26 de junho de 2006

Países Baixos colocam País em Alta

A nossa Selecção obteve ontem, em Nuremberga, uma vitória por 1-0 sobre a Holanda. Um golo de Maniche aos 23 minutos bastou para que Portugal, após longos períodos de emoção, carimbasse a passagem aos quartos-de-final do Mundial de Futebol. O juiz Valentin Ivanov não soube controlar este julgamento de nações, contribuindo com uma arbitragem polémica. Esperemos agora que a letra da vitamina que tomámos seja de Campeão. Pelo menos até sábado. See you next game.

André Pereira

sexta-feira, 23 de junho de 2006

Entrevista ao Silêncio - Sem Palavras...

Esta entrevista foi feita off-record uma vez que o entrevistado não pode ser ouvido oficialmente.

DF – Olá, senhor Silêncio. Desde já agradeço a sua disponibilidade para nos dar esta entrevista…
Silêncio –
Não tem de quê… Eu estou sempre disponível, as pessoas é que muitas das vezes não sabem como me contactar…

DF – Comecemos pelo princípio… Que recordações guarda da sua infância?
Silêncio –
Ora bem, eu nasci muito longe de Portugal… Num planeta muito distante, não pertencente a esta galáxia. Contudo, vim muito cedo para o planeta Terra e instalei-me aqui em Portugal. Durante muitos anos era muito apreciado, especialmente enquanto estava no poder um senhor que já foi referido numa das suas anteriores entrevistas… Como é meu hábito, recuso-me a dizer o seu nome. Vivi muito bem nessa altura, apesar de ser perturbado algumas (muito raras) vezes. Especificamente da minha infância, lembro-me de ver os conselhos do meu pai (não os podia ouvir porque ele não falava, era o Senhor Silêncio Absoluto) e de ler nos lábios de minha mãe as canções de embalar que utilizava para me adormecer (era a Senhora Caluda). Recordo-me ainda de ver na televisão um filme sobre o meu irmão, “O Silêncio dos Inocentes”.

DF – A partir de uma certa altura na sua vida, o seu papel na sociedade tendeu a diminuir. Encontra alguma razão para que isso tenha acontecido?
Silêncio –
De há umas décadas para cá que noto que tenho sido enviado para segundo plano. As pessoas começaram a poder expressar-se mais livremente, a música começou a utilizar mais instrumentos e sons… Tudo mudou… Hoje em dia, vivemos num tempo muito agitado. Até mesmo o meu primo, o Pensamento, tem sofrido muito com estas alterações. Ninguém pára para pensar! E quando pensam que estão a pensar, fazem-no num ambiente de barulho… Barulho a todos os níveis: social, económico, financeiro…

DF – Há quem o critique pela sua apatia perante os problemas sociais…
Silêncio –
Eu não posso emitir muitas opiniões, uma vez que não fui feito para dar opinião mas sim para pensar sobre o problema. Ando sempre com o meu primo… Reconheço que muitos utilizam o meu perfil para se defenderem… Quando não têm certeza do que pensam, escondem-se atrás da minha “imagem”. Se eu opinasse sobre os problemas sociais, deixaria de existir e de ter credibilidade. Preciso sempre de alguém que me ajude a prevalecer.

DF – Actualmente, que faz?
Silêncio –
Bem, eu ando por aí a passear discretamente. Falo muitas vezes com quem me quer ouvir, contudo não sou bem interpretado por muita gente… O meu horário laboral é nocturno, apesar de, uma vez por outra, trabalhar de dia, por turnos. Mas é muito raro. E até de noite as coisas estão cada vez piores.

DF – Para além da sua actividade, que hobbies tem?
Silêncio –
Desde muito pequenino que tenho uma grande paixão pelo fado. Apesar de não poder cantar, acompanho quem o faz. Sempre que alguém canta o fado, lá estou eu: “Silêncio, que se vai cantar o fado”.

DF – Muita gente fala de si, o que por um lado é positivo; por outro lado, esta fama a que está sujeito afasta-o da sociedade…
Silêncio –
Sim, claro que sim. Eu mesmo, estando a conceder-lhe esta entrevista, estou a quebrar o meu Código Deontológico. Mas espero que não revistem o meu computador à procura de material sonoro… Aliás, poucas vezes utilizo o computador, os meus pertences estão todos arquivados em envelopes noves… Peço desculpa, em envelopes novos.

DF – Quais são as situações mais embaraçosas em que se encontrou até hoje?
Silêncio –
É uma pergunta difícil de responder… Posso dizer que me desloco constantemente a todos os clubes de futebol, passo a vida numa correria muito stressante, especialmente quando há blackouts… Ultimamente tenho ido mais para o norte. Outro caso bastante mediático em que me encontrei envolvido como arguido foi o caso de abuso de menores na Casa Pia. Muitos são aqueles que me tentam comprar, muitos são os que me querem vender… Posso dizer que sou o principal acusado de o processo ainda não ter andado para a frente…

DF – Com estas suas afirmações, está a quebrar o silêncio?
Silêncio –
Longe de mim prejudicar os meus familiares. Eu concedo-lhe esta entrevista mas espero que fique com o meu avô, no Silêncio dos Deuses. Caso contrário terei eu mesmo que o silenciar. Sabe, eu faço as coisas pela calada…

DF – Tem algum sonho que gostaria de ver concretizado?
Silêncio –
Gostaria muito que as pessoas me ouvissem mais vezes. Sabe, eu sou essencial para fazer com que as pessoas sonhem. Sem o silêncio não há sonhos, mas o pior sonho das pessoas é o maior silêncio do mundo… a Morte! E depois lá vem o meu irmão mais pequenino meter-se convosco: o “Minuto de Silêncio”.

http://www.odespertar.com.pt/sartigo/index.php?x=1672

André Pereira

segunda-feira, 19 de junho de 2006

Ciências da Informação e Bolonha

No próximo ano lectivo (2006/2007), o Tratado de Bolonha referente ao Ensino Superior, entrará em vigor em Portugal. O curso de Ciências da Informação, do Instituto Superior Miguel Torga, não foge à regra.

Este processo visa tornar o Ensino Superior mais competitivo e com uma maior uniformização das oportunidades de trabalho. A este curso será aplicada a fórmula de 3+2 – 3 anos de licenciatura (1º ciclo) mais 2 anos de Mestrado Profissionalizante (2º ciclo). Esta adequação abrangeu também a mudança de designação do curso para Comunicação Social, uma forma de mais facilmente poderem ser concretizadas e percebidas as competências exigidas aos futuros licenciados.

A tónica deste processo irá acentuar-se na componente prática que complementará de forma mais eficaz a componente teórica. Não é por acaso que com Bolonha se altera a forma de ensino e se fala num modelo centrado na aprendizagem, abandonando a visão até agora vigente. Os alunos passarão a ser licenciados após a concretização dos obrigatórios 180 ECTS (European Credit Tranfer System), 60 ECTS por cada ano curricular. O ECTS é agora o crédito de medida das competências delineadas para cada unidade curricular, ou seja, engloba as “horas de contacto” (teóricas, práticas, trabalhos de campo, trabalhos laboratoriais e orientações tutoriais) e as “horas extra” (o tempo previsto que o aluno terá de despender para realizar com sucesso a disciplina – pesquisas, entrevistas, leituras e outras).

Com a aplicação de ECTS, em paralelo surgem outros documentos necessários a usar a favor da mobilidade / intercâmbio dos alunos: o Registo Académico, Suplemento ao Diploma (documento individual que irá reconhecer actividades extra e complementares, abrangidas pela área de estudo, efectuadas pelo aluno em prol do seu currículo académico) e a classificação das notas são pontos essenciais – esta classificação será elaborada por unidade curricular e por cada ano lectivo, numa Tabela que de “A” a “Fx” irá expressar as melhores notas (0 a 20 valores) de determinada turma, em determinado ano lectivo, para cada unidade curricular. Respectivamente, e num nível descendente, a “A” corresponderá o intervalo de 18 a 20 valores, a “B” de 16 a 18, e assim sucessivamente até ao “F” (8 a 10) e “Fx” (0 a 8) que dão conta das notas negativas.

O projecto de final de curso será abolido uma vez que durante a licenciatura os projectos serão muitos e variados.

No que diz respeito ao Mestrado, este não é obrigatório, contudo será de extrema importância para a entrada e permanência no mundo do trabalho. Tem a duração de 2 anos, em horário pós-laboral, e poderá ser feito quando e onde se quiser (desde que preencha os devidos requisitos).

Estas novas medidas pretendem trazer melhorias na educação em Portugal, tendo sido analisado neste texto, de forma mais específica, o curso de Ciências da Informação (futuramente Comunicação Social) no Instituto Superior Miguel Torga.

Como opinião pessoal, reconheço que a adaptabilidade a este sistema não será fácil mas os pontos fortes irão superar todas as adversidades que possam surgir.

As informações contidas neste texto, bem como a elaboração do mesmo, só foram possíveis devido à disponibilidade da Mestre Sofia Figueiredo, Directora Executiva da Licenciatura em Ciências da Informação e Presidente do Conselho Pedagógico do ISMT.

André Pereira

sexta-feira, 16 de junho de 2006

Agostinho da Silva - “Um professor da vida e um pensador livre”


Agostinho da Silva percorreu os “caminhos de um homem transparente”, tendo sido um controverso e enigmático pensador. Nasceu no Porto mas escolheu Barca d’Alva como “Terra Mãe”, a última terra Portuguesa, entre a Beira e Alto Douro, antes da fronteira Espanhola. Era uma terra de gente pobre, onde não havia escola nem luz eléctrica e só havia pão uma vez por semana. Contudo, era o paraíso de vida para Agostinho da Silva.

O pensador, e também pedagogo, terminou a licenciatura em Filologia Clássica, na primeira Faculdade da cidade do Porto, com a média final de 20 valores.

Antes de começar a estudar, o seu grande sonho era ser marinheiro, sonho esse que não conseguiu realizar.

Leonardo Coimbra, fundador da Faculdade de Letras do Porto, assumiu o papel de Professor de Filosofia Medieval de Agostinho. Porém, este não nutria muita simpatia pela matéria, acabando, mesmo assim, por fazer a disciplina.

Quando acabou a sua licenciatura, cita que: ”A minha licenciatura não foi em Filologia Clássica, foi em Liberdade”.

Em 1942, publica um caderno que designa por “Cristianismo”. Este escrito chocou com as ideias do Regime Salazarista, o que fez com que Agostinho fosse acusado de perturbador, impedindo-o de fazer as suas conferências. Mais tarde, acabou por ser detido em regime de isolamento total, durante 20 dias, por ter desrespeitado as regras que lhe foram impostas. Esta sua força fez dele um homem de movimento, pluridimensional e pluricultural.

Partiu, então, para o Brasil, onde esperava encontrar, do outro lado do Atlântico, a oportunidade de realizar os seus sonhos e também encontrar uma cultura que respeitasse o modo de pensar de cada um.

Em 1958, acaba por se naturalizar Brasileiro. Era um homem que afirmava não estar interessado em coisa alguma, somente em viver.

Regressa a Portugal, em 1969, devido à ditadura que tinha chegado ao Brasil e, em 1990, transforma-se num líder de comunicação na RTP com o programa televisivo “Conversas Vadias”. Posteriormente, retira-se, acabando por rejeitar a comunicação social: “Cada vez gosto mais de menos gente”.

Já com 87 anos, este homem que falava 12 línguas, admite que raramente lia jornais, com excepção do “Público”, por causa do “Calvin”. Quando foi questionado em relação à morte, afirmou: “Não penso nada, nunca morri, depois, quando morrer, e se souber alguma coisa, eu comunico”. Em 1994, acaba por falecer de um acidente vascular cerebral.
André Pereira
Mariana Alves

terça-feira, 13 de junho de 2006

Palavras

Gosto de brincar com as palavras
Saber o que querem dizer
Se elas não forem faladas
Alguém as tem que escrever.

E depende da caneta
Que as tiver que pintar
Tinta branca, tinta preta
O papel tem que aceitar.

A pessoa tem que sentir
As palavras no seu peito
Não têm um plano a seguir
Escrever torto, escrever direito.

Coração é o que interessa
O resto é desnecessário
Pode-se até escrever à pressa
Tudo depende do horário.

André Pereira

sexta-feira, 9 de junho de 2006

Sonho Real

"Deixa a música levar-te onde o teu coração quer chegar."

quinta-feira, 8 de junho de 2006

Pedra Filosofal

Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer.

Como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos.

Como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam
como estas árvores que gritam
em bebedeiras de azul.

Eles não sabem que sonho
é vinho, é espuma, é fermento
bichinho alacre e sedento
de focinho pontiagudo
que fuça através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela é cor é pincel
base, fuste ou capitel
arco em ogiva, vitral.

Pináculo de catedral
contraponto, sinfonia
máscara grega, magia
que é retorta de alquimista.

Mapa do mundo distante
Rosa dos Ventos Infante
caravela quinhentista
que é cabo da Boa-Esperança.

Ouro, canela, marfim
florete de espadachim
bastidor, passo de dança
Columbina e Arlequim.

Passarola voadora
pára-raios, locomotiva
barco de proa festiva
alto-forno, geradora.

Cisão do átomo, radar
ultra-som, televisão
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem nem sonham
que o sonho comanda a vida
e que sempre que o homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos duma criança...

António Gedeão

quarta-feira, 7 de junho de 2006

Tratado de Tordesilhas


No dia 7 de Junho de 1494 foi assinado o Tratado de Tordesilhas que definia a partilha do chamado Novo Mundo entre Portugal e Castela (parte da actual Espanha).

A divisão das terras descobertas e a descobrir era estabelecida a partir de um semi-meridiano hoje situado a 46º 37’ a oeste do Meridiano de Greenwich.

Em princípio, o tratado resolvia os conflitos que se seguiram à descoberta do Novo Mundo por Cristóvão Colombo. Embora contrariasse a bula de Alexandre VI, foi aprovado pelo Papa Júlio II numa nova bula, em 1506.

Actualmente, Portugal e Espanha (na época, Castela) não têm a influência de outrora e o mundo funciona como marioneta nas mãos do Tio Sam. Contudo, a bipolarização do século XV mantém-se hoje, cada vez mais acentuada por cruzes de ouro, com a “existência” do Bem/Mal, Céu/Trevas, Certo/Errado, Paz/Guerra, Deus/Diabo que nos conduz a uma constante escolha que nos impede de sermos verdadeiramente felizes, sem qualquer tipo de pressão nem de fios a comandar-nos os movimentos.

É urgente algo com pulso de ferro que una todos os povos num ideal comum, que seja favorável a todo e qualquer ser humano existente. Mas, será isso possível? A felicidade da plenitude desta massa “rebânica” em que nos tornámos?
André Pereira

terça-feira, 6 de junho de 2006

O dia da Besta - 6/6/6

Tenham medo... Tenham muuuuuuuuuuuuuuito medo!

André Pereira

segunda-feira, 5 de junho de 2006

Portugal tenta (re)conquistar Colónia


No próximo dia 11 de Junho, a Selecção Nacional Portuguesa dá o pontapé de partida no Mundial de Futebol realizado na Alemanha. Quis o destino (?) que Angola fosse o primeiro adversário. Este aspecto não deixa de ser curioso por várias razões: é a primeira vez que a Selecção Africana participa num campeonato do mundo de futebol e tem logo como primeiro oponente Portugal, seu “amigo” de longa data. Mas, até aqui, nada de extraordinário. Interessante será dizer que esse mesmo jogo, que colocará frente a frente ambos os países, se realizará numa cidade alemã chamada Colónia. E esta, hein?
André Pereira

sexta-feira, 2 de junho de 2006

Triste Sina


Vivem-se momentos conturbados em Timor. A situação tem-se vindo a agravar de há uns dias para cá, com diversos ataques armados e presumíveis tentativas de ocupação de Díli. Um país recentemente formado sofre, assim, um duro golpe no caminho para a implementação da paz que raramente fez parte da vida do seu povo. O futuro não será fácil e o passado não se apagará. A união é a chave para o presente.
André Pereira

quinta-feira, 1 de junho de 2006

Dia Mundial da Criança


Hoje celebra-se o Dia Mundial da Criança. Mas, afinal, para quê? O nosso futuro continua a ser maltratado pelo presente e os sonhos que pairam nas nossas cabeças tendem constantemente a evaporar. Será que há a necessidade de haver um dia dedicado exclusivamente à criança? Não deveriam ser todos? Os saltos, sorrisos, gritos e correrias não são condição essencial da nossa existência? Poderia encarar este tema por várias perspectivas, desde a Pedofilia à mortalidade infantil (com especial atenção para os países africanos), mas muita tinta já foi derramada. Contudo, não tanta como o sangue.
Texto: André Pereira
Foto: Nuno Ferreira