domingo, 21 de agosto de 2011

Planeta dos Macacos: A Origem

A nível de estrutura de guião, o filme está óptimo. Aliás, como é imperativo em todos os filmes que envolvam catrefadas de dólares. Não vale a pena arriscar em novos caminhos estruturais para que a grande maioria do público fique confusa e chateada por ter gasto dinheiro num filme que não percebeu. Quanto à história propriamente dita, está bem pensada, mas conta com algumas falhas desnecessárias.
  • Os dois cientistas querem levar Bright Eyes (a primata) para a reunião. Qual o método que utilizam para a capturar? Um pau com uma rodela na ponta... O mais estúpido é o facto de lhe abrirem a porta e, só depois, tentarem colocar a tal rodela à volta do pescoço para ela não fugir. Obviamente, ela foge, desata aos saltos e parte tudo até acabar morta em cima da mesa da sala de reuniões. Ora, isto foi desnecessário. Bright Eyes poderia ter escapado de outra forma e não por causa desta incompetência dos cientistas (que é, naturalmente, incompetência do guionista).
  • Quando os cientistas voltam à "cela" de onde Bright Eyes escapou, encontram um primata bebé. Espanto total! "Um bebé? Mas... como é possível?" "-Pois é, doutor... Ao que tudo indica, ela estava grávida." WTF?! Como é possível um grupo de cientistas de topo que estuda primatas ao pormenor e que dispõe das técnicas mais sofisticadas para o fazer não descobrir que um deles está à espera de bebé? Ou melhor... que o bebé já nasceu?
  • Jacobs (director da Gen Sys) regressa à empresa e, no hall de entrada, depara-se com todos aqueles primatas a olharem para ele. Como é natural, foge. E bem. Dezenas de primatas saltam atrás dele e vão desfazê-lo em cascas de banana, certo? Errado. A cena seguinte é Jacobs junto ao helicóptero da polícia a dizer que os primatas destruíram tudo bla bla bla. O que o guionista nos quer dizer é que Jacobs foi rápido que nem uma bala. Ou então que os primatas o deixaram fugir depois de lhe terem feito uma espera. Ok.
  • Robert Franklin (um dos cientistas) precisa de entrar urgentemente em contacto com Will Rodman (cientista-"chefe") para lhe dizer que não se está a sentir muito bem depois de ter estado exposto a uma substância tóxica. Ora, o que é que ele faz? Liga para o telemóvel? Manda um sms? Um mail? Não, o melhor é ir bater à porta de sua casa, demorando mais tempo (de lembrar que era uma situação urgente) e correndo o risco de contaminar outras pessoas. Ups! Contaminou o vizinho.
  • Falamos do vizinho que tinha visto o seu dedo arrancado pelos dentes de César e que, no final do filme, - e como a sua profissão a isso o obriga- vai pilotar um avião. Um piloto sem um dedo e que cospe sangue. Perfeitamente verosímil...
  • Este vizinho também já havia deixado a porta do seu carro escancarada, situação que despoletou a memória de Charles Rodman (pai de Will e doente de Alzheimer) e fez com que entrasse no carro a pensar que ainda sabia conduzir. Resultado? Fez umas quantas amolgadelas.
Eu gostei bastante do filme, mas acho que estes erros poderiam muito bem ter sido evitados. Não é que a sua existência estrague o filme, mas deixa algumas feridas. E isto chateia. Um filme que teria tudo para estar junto dos melhores, acaba por não atingir esse estatuto graças a erros infantis.

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