
Como o leitor já deve ter reparado, o tema que irei abordar é a polémica acerca das habilitações do nosso primeiro-ministro, José Sócrates. Sinceramente, acho que não há melhor assunto para debater do que este que nos clarifica quanto ao Pré-nome do líder do governo. Aliás, todos os problemas económicos, financeiros e sociais estão totalmente solucionados para podermos, agora sim, discutir de forma assertiva as habilitações de Sócrates!
Não me coloco em algum lado da barricada, tentando, desta forma, analisar a questão da forma mais distante possível. Tenho a minha própria opinião, como é óbvio, e irei transmiti-la ao longo deste texto, mas, primeiramente, tentarei analisar, de forma matemática, o caso.
É certo que esta situação alegadamente ilegal da obtenção do diploma por parte de José Sócrates é um problema que deve ser debatido em sede própria e que deve ser desvendado até ao último pormenor. Ao chegar a público, é absolutamente natural que as pessoas se comecem a interrogar acerca da credibilidade de alguém que está no poder e se comecem a interessar (será mesmo este o termo?) pela vida académica da pessoa em questão. É uma figura pública e, mesmo que não seja do seu agrado, está sujeita a ser criticada e falada em cafés, jardins, locais de trabalho, e em blogues (o novo suporte comunicacional que, quer queiram quer não, é e será, cada vez mais, o centro de todas as futuras tertúlias que já se iniciaram e que continuarão a existir).
Mas permitam-me que discorde do mediatismo de que este tema está a ser alvo. Deixemos o “caso judicial” para a justiça resolver e não nos precipitemos a apontar juízos de valor a quem quer que seja. Sócrates pode ter sido beneficiado, directa ou indirectamente, como até pode nem ter sido. Mas, segundo os documentos a que todos tivemos acesso (pelos meios de comunicação social), a confusão é enorme. Uns afirmam categoricamente que Sócrates foi favorecido, enquanto que outros, entre eles o próprio Primeiro-Ministro (não seria de esperar outra coisa), afirmam que a situação académica está completamente legalizada.
Questões judiciais à parte, o certo é que José Sócrates está a fazer um bom mandato, alicerçado em ideias sólidas e construtivas que permitem transportar o país para um elevado patamar socio-económico. Sou apartidário e não perfilho nenhum ideal que esteja inscrito em tábua bi-milenar que, mesmo sendo rasa, não me permite inscrever o meu verdadeiro pensamento. Neste preciso caso, entendo que temos um governo que está a cumprir as suas funções de forma coerente e rigorosamente bem. Mas, por agora, a minha opinião em relação à actuação do governo é irrelevante.
Sendo engenheiro, doutor, senhor ou excelentíssimo, José Sócrates não deixa de ser um bom (mau para alguns) Primeiro-Ministro. Num país em que os títulos são tão essenciais como as impressões digitais, todos nós nos pavoneamos pelas ruas como se fôssemos autênticos reis. Porém, muitos passeiam nus sem o saber. Basta viajar até Coimbra onde uma simples capa nos assegura o título de doutor! “Há coisas fantásticas, não há?”
Como disse inicialmente, no meu bilhete de identidade o meu primeiro nome é André, sem nenhum título antes. Por essa razão, afirmei que não saberia se estaria habilitado a ser lido por algumas pessoas. Aliás, penso que, se hoje me candidatasse a qualquer cargo público não obteria grande apoio. Não devido às minhas limitadas capacidades mas por me recusar a utilizar algum pré-nome que não fosse meu.
Ao contrário do que muitos dizem por aí, eu admito sem medo a minha ignorância em inúmeros assuntos. Não esquecendo, porém, que admitir a ignorância é o primeiro passo para atingir a sabedoria.
Como um homónimo do nosso primeiro-ministro disse, “só sei que nada sei”. E não consta que fosse engenheiro…
André Pereira
O Despertar – 20.04.07
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