domingo, 9 de agosto de 2009

Está lá?

Raul Solnado é um génio. Já o era antes de morrer, porém, só agora se lembram de o dizer e de o escrever em rodapés de telejornais. É pena que pessoas que deram tanto à cultura nacional tenham sido tão maltratadas e menosprezadas por uma sociedade que não sabe pensar. É verdade que não acompanhei a carreira de Raul Solnado (precisava de ter nascido uns anos antes), mas é também verdade que me fartei de escarafunchar nos Youtubes e nas RTPs Memórias desta vida para conhecer o Mestre. E é pena... Porque uma obra como a que ele deixou deveria estar escarrapachada em qualquer loja que vendesse CUL-TU-RA. Em vez disso, vejo as Just Girls, o livro do Cláudio Ramos e o humor (?????) do Nuno Eiró. É pena... É pena que as pessoas sejam tão rapidamente esquecidas e metidas na gaveta dos xéxés (Sim, era assim que a televisão o tratava. Um senhor que, tudo bem, fez coisas giras, mas agora está xéxé e não serve para nada).
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A sua vitalidade - é certo - não era a de outros tempos, mas o génio sempre esteve lá. Quantas vezes "A Guerra" passou na televisão em horário nobre? Quantas vezes se ouviu a história do violino ou da maternidade nas rádios nacionais? E a ida ao médico? O cabeleireiro? A cirurgia? Quem conhece Raul Solnado? (Para além dos nossos pais, que cresceram com ele). Será que hoje em dia as crianças, os adolescentes, os jovens adultos conhecem a obra de Raul Solnado? Duvido. E é, uma vez mais, com pena. Muita pena.
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Agora sim, podem reeditar os seus álbuns, voltar a passar na televisão os seus sketches, fazer-lhe homenagens, dedicar-lhe aberturas de telejornais, pedir testemunhos de anónimos, de familiares e até mesmo de figuras públicas para mostrar o quão genial era este homem. Porque até dá audiência. Agora, depois da sua morte, todos "lembram com saudade o excelente profissional e ser humano que ele era". Uma rua em seu nome? Uma medalha póstuma? Não me admiraria. E era tudo bem merecido. Mas enquanto esteve vivo. Porque daqui por uns dias será larvas, terra e ossos e, infelizmente, não estará cá para agradecer.
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Agradeço eu, não só a título pessoal, mas também a título profissional. Porque isto de fazer comédia não é tão fácil quanto parece. E Raul Solnado foi, é e será sempre uma das minhas referências. Obrigado! (E sim, tentarei fazer o favor de ser feliz)

2 comentários:

Just a boy walkin' around... disse...

É sempre assim. Há imensas homenagens a título póstumo. Não damos o devido valor às pessoas em vida e depois quando falecem são as maiores.

Abraço

André Pereira disse...

Sem dúvida. Não gosto de ser mais um a falar mal da forma como nós tratamos as nossas pessoas, mas a verdade é que há coisas que não se compreendem...