O mundo parece uma sala de espera de um centro de saúde. O ambiente carregado, a televisão em altos berros, as traições nas revistas do ano passado, as velhas a resmungar quem tem mais doenças. Até agora, o Haiti (a velha do canto) ia na frente, com dores nas costas, reumatismo nas articulações e varizes nas pernas. Logo a seguir está a Madeira (a velha mais endinheirada que não se chega perto das outras) com problemas no que toca a retenção de líquidos, diarreia e cataratas. Mas, há coisa de minutos, entrou na sala uma velha que promete atingir a medalha de ouro das Olimpíadas das Desgraças, Chile, uma velha rabugenta com diabetes, acentuada falta de memória e Parkinson. Calma... Estou a receber informações de que chegou mesmo agora outra velha, Argentina, com os mesmos problemas que a do Chile. Isto promete!
Os médicos (conhecidos no meio como jornalistas) recebem as velhas nos consultórios, auscultam-lhes o coração e receitam-lhes medicamentos. Os errados,claro. Elas acabam sempre por voltar. E com dores cada vez piores.