domingo, 28 de fevereiro de 2010

Mundo, que mundo?

O mundo parece uma sala de espera de um centro de saúde. O ambiente carregado, a televisão em altos berros, as traições nas revistas do ano passado, as velhas a resmungar quem tem mais doenças. Até agora, o Haiti (a velha do canto) ia na frente, com dores nas costas, reumatismo nas articulações e varizes nas pernas. Logo a seguir está a Madeira (a velha mais endinheirada que não se chega perto das outras) com problemas no que toca a retenção de líquidos, diarreia e cataratas. Mas, há coisa de minutos, entrou na sala uma velha que promete atingir a medalha de ouro das Olimpíadas das Desgraças, Chile, uma velha rabugenta com diabetes, acentuada falta de memória e Parkinson. Calma... Estou a receber informações de que chegou mesmo agora outra velha, Argentina, com os mesmos problemas que a do Chile. Isto promete!

Os médicos (conhecidos no meio como jornalistas) recebem as velhas nos consultórios, auscultam-lhes o coração e receitam-lhes medicamentos. Os errados,claro. Elas acabam sempre por voltar. E com dores cada vez piores.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Uma verdade anunciada


A tragédia que se abateu sobre a Madeira afinal já era uma coisa prevista há muito tempo. Apesar dos vários estudos que indicavam um possível acontecimento deste género, o Governo Regional continuou a sua empreitada irresponsável.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Chat Roulette

Anda por aí um site que promete tornar-se um fenómeno mundial. Chama-se Chat Roulette e é um espaço onde os utilizadores podem falar entre si, de forma aleatória. Tal como na roleta, a probabilidade de encontrarmos aquilo que queremos é remota. Mas - claro está! - depende daquilo que queremos. Homens, mulheres, homens a fazer coisas para as mulheres, mulheres a fazerem coisas para os homens (não tantas assim), bonecos, bonecas, animais... Visitem e cuidado com o vício!

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Hertha uma vez...


O Benfica empatou hoje com o Hertha de Berlim. Começámos bem, com um golo logo aos três minutos, mas uma bujarda do Javi Garcia traiu o guarda-redes (?) Júlio César. O guardião não está, obviamente, à espera que um jogador da sua equipa remate para a sua baliza, portanto, as desculpas são "relativamente bem" aceites. No entanto, o Júlio César - apesar de não comprometer muito - é um jogador que não se enquadra na qualidade do plantel encarnado. Nem ele nem os outros dois suplentes: Quim e Moreira. Todos jogadores razoáveis, mas nada mais do que isso. São bons suplentes, e pronto. A explicação que encontro para este auto-golo do Javi é a de que o Benfica só está bem a marcar. Às vezes (muitas vezes, não é David Luiz?!) enganam-se na baliza, mas é tudo em prol do futebol espectáculo. E de um marco histórico: a equipa com mais golos marcados. Em que baliza? Não interessa.

O César Peixoto esteve na origem desse grande golo do Javi Garcia. Foi ele que começou a jogada, entregando a bola de bandeja ao alemão do Hertha. Peixoto é perito em dar a bola aos adversários, em colocá-los em jogo e em deixá-los passar. Aliás, a única coisa que César Peixoto faz bem é arranjar namorada.

O Ramires correu mas sem qualidade, o Saviola não existiu e o Ruben Amorim de vez em quando passava-se. Foi um Benfica apático, lento e sem soluções. O Di Maria ainda teve uns rasgos de criatividade, mas foram insuficientes.

Este ano, o Benfica tem tido muitas dificuldades nos jogos fora de casa a contar para a Liga Europa. Aqui, o peso recai sobre as qualidades de Jesus. Se, por um lado, o Benfica tem um treinador que percebe muito de futebol português, também tem um treinador que percebe menos de futebol internacional. Na nossa liga, sabe o nome dos roupeiros de todos os clubes dos Regionais, lá fora nem sabe o nome dos treinadores. Mas, como ele próprio disse e muito bem, a nossa prioridade é o Campeonato Nacional.

Os árbitros estiveram ao nível do campeonato português. Penaltis por assinalar, foras-de-jogo mal marcados, cartões perdoados... E eram seis árbitros! SEIS!!! Enfim, uma ideia vomitada por Platini que, se tudo correr bem, não será aprovada para futuros campeonatos. Aliás, a presença do Platini na UEFA só vem confirmar uma coisa: há lá muita falta de piaçabas.

Como nota final, apenas gostava de deixar uma mensagem de agradecimento à SIC, particularmente ao José Manuel Marques, ao Rui Santos e ao Nuno Luz! Sem eles nunca teria experimentado ver um jogo do Benfica sem o som da televisão. Obrigado!

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Neve em Pedronhe

Uma prova de que os adeptos do Benfica não param de aparecer. Produção, maquilhagem e fotografia da família Ferreira, Henrique e Ângela.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Depois de um cherne, temos agora um polvo. Portugal está mesmo no fundo do mar...


E, por consequência, também está o nosso jornalismo. A falta de liberdade de imprensa que os jornalistas tanto sentem é trazida a público… pelos meios de comunicação social. Estranho? Sem dúvida. É clara a contradição existente neste processo. Se os jornalistas vêm dizer para a comunicação social que são vítimas de censura no exercício das suas funções, estão a mentir. Se realmente houvesse censura, as declarações destes jornalistas seriam proibidas. Coisa que não acontece.


A tentativa de bloquear a impressão do jornal "Sol" de hoje não foi, de todo, a atitude mais correcta. Mas não foi uma atitude governamental. Foi uma atitude de um cidadão comum (seja ele administrador, gerente, sócio ou empregado de limpeza da PT) perante o conteúdo presente nesta edição. Mas será que a publicação de material proibido de ser publicado é uma atitude digna do bom jornalismo? Será que tornar conhecida informação confidencial é um acto ético? Será que apresentar material (já analisado pela Justiça Portuguesa e tido como desnecessário para o processo), apresentando-o como uma prova inequívoca da realidade dos factos é moralmente correcto? Será que enganar o povo português com conteúdos não comprovados em embrulhos coloridos e em capas folclóricas e atractivas é uma atitude certa? A publicação das escutas no "Sol" é uma violação das normas da justiça, é um acto criminoso e deve ser punido como tal. Independentemente da verdade. Os fins não justificam os meios. Se assim fosse, o Sistema Judicial seria abolido e a tortura seria o principal caminho para a obtenção da verdade.

Eu não sei para que lado pende a verdade, sei é que a forma de a descobrir não pode ser através de ilegalidades e de crimes. Um crime não se apaga com outro crime. Tal como um penalti não se compensa com outro penalti. Mas infelizmente estamos em Portugal e temos de nos sujeitar ao manual de instruções deste país. Esta é a nossa mentalidade. Errada. Uma mentalidade de compensações em que o certo anda completamente descompassado do errado.

O jornalismo nacional cria as notícias, desenvolve-as e sentencia-as. Tudo isto feito numa esfera fechada, bastante afastada da população, e dominada sempre pelos mesmos jornalistas, pelos mesmos entrevistados, pelos mesmos comentadores, pelos mesmos arguidos, pelos mesmos réus. As personagens desta história mal contada que é o Jornalismo Português são sempre as mesmas. A chamada Opinião Pública fecha-se em si mesma e estabelece regras e normas para todo o país. O Jornalismo é considerado como o Quarto Poder por isto mesmo. Muito mais do que os poderes Legislativo, Executivo e Judicial, o Jornalismo agita as águas, desempoeira mentalidades e põe o mundo a nu e sujeito à nossa apreciação. Mas cada vez mais se está a tornar no Quarto do Poder, onde as notícias são fabricadas debaixo dos lençóis, na penumbra de um quarto de hotel e na sequência de um cigarro. E o país é que sai fodido.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Ai Carvalhal, Carvalhal... de que é que tu estás à espera?


Há uma nuvem de burrice a pairar sobre Alvalade. Mais do que reforços, o Sporting precisa urgentemente de aulas de apoio. "Humm… este futebol não anda nada bom. Menino Joãozinho, o que é isto? - É uma bola, senhora professora. - Errado, isto é a perna do Ramires. Não anda a estudar! Amanhã vou falar com o seu encarregado de educação."
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O problema dos meninos do Sporting não é o empenho, a garra ou a vontade. O problema é mesmo o saber. Ou a falta dele. Para além de não saberem jogar futebol, também não sabem perder. O que, à partida, é o que se ensina logo na primeira aula: "Lição nº1, Sumário: Como perder sem culpar o árbitro ou a falta de sorte".
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Mas parece que nessa aula também não estiveram presentes nem o treinador nem os dirigentes do Sporting. Se calhar tinham mais que fazer. Esta semana, por exemplo, o presidente do Sporting acompanhou o clube no Brasil… onde esteve a gozar férias.
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Por sua vez, o Carvalhal goza férias em Portugal. É tudo uma questão de organização. E nisso o Sporting é bom. Bastante bom. Se é para jogar mal e para perder, ao menos que o faça com organização e regularidade. E o trabalho do Carvalhal nesse aspecto tem sido óptimo. Só há uma coisa que me faz confusão. Mesmo com o Paulinho ao lado, fico sempre na dúvida de quem será o deficiente. Mas com o tempo espero distinguir melhor.
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O Sá Pinto, alegado defensor do Sporting, também quis ajudar o clube a combater esta crise futebolística. "Menino Sá Pinto, está aqui um jogador do Sporting e está aqui um jogador do Benfica. Qual é que vai mandar para o hospital? - O do Sporting, claro! - Não anda a estudar! Amanhã vou falar com o seu encarregado de educação."
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Mas parece que a falta de inteligência dos dirigentes do Sporting tem influência directa na visão. O treinador, relativamente ao baile de ontem, disse que a falta do João Pereira sobre o Ramires foi "mais aparato do que real" e o Director Interino do Futebol do Sporting disse que o árbitro foi a Alvalade "com o propósito de prejudicar o clube", invocando a "expulsão exagerada" do João Pereira e o "fora-de-jogo inexistente ao Pongolle". Nesta última situação, estou completamente de acordo. Não há fora-de-jogo, o Pongolle ficaria isolado e poderia empatar o jogo. Mas esta não pode ser a justificação de uma equipa que sofre quatro golos em casa e que passa o jogo a ver o adversário jogar.
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A vontade em arranjar bodes expiatórios é tanta que chega a ultrapassar o limite do ridículo. Um clube constituído historicamente por gente tão bem formada e educada nos melhores berços de ouro do nosso país desce a um nível sindicalista e brejeiro tais que chega a dar pena. Este contraste que existe no Sporting é uma consequência da má gestão, da acefalia e da ignorância. E, no topo desta balbúrdia, não há um único encarregado de educação.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Onde há fumo...

Um estudo veio dizer que Hitler se alimentava muito mal. De facto, enquanto esteve no poder, sentia-se muito o cheiro a carne queimada.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Vice Versa II



Como a primeira vez não foi suficientemente humilhante, lá voltei a aparecer num sketch do '5 Para a Meia-Noite'. Eu e o meu compincha de luta (miça like do c.) Zé, mais conhecido no mundo artístico por Manuel Mora Marques. (É mais pomposo). Assim sendo, até amanhã. Um fixe para todos.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Saudades disto


Acabei de sentir um arrepio de saudade. Daqueles arrepios que nos endireitam na cadeira, nos fazem suster o ar e parar tudo o que estávamos a fazer. Por mais importante que fosse. Tudo graças à minha nova aquisição musical, Ennio Morricone: The Platinum Collection. Particularmente, esta música que já não ouvia há mais de quinze anos.

De manhã, era ela que tocava lá em casa. Não por imposição do meu pai ou da minha mãe, mas sim por culpa do rádio velho pequenino em cima do armário da casa de banho.
O meu pai fazia a barba, a minha mãe fazia o pequeno-almoço, o meu irmão resmungava porque não queria tomar banho e eu resmungava porque não queria ir para a escola. A vida é sempre assim. Os pais fazem e os filhos resmungam.

A música passava
na Rádio Renascença, julgo eu, e avisava-nos que a vida não havia parado. A escola, os professores, o futebol, os amigos, os inimigos, os testes, os berlindes, os tempos livres, as idas a pé para casa, os medos de ficar sozinho em casa, os filmes do Indiana Jones, os Legos, as fortalezas de almofadas, as casas de cassetes de vídeo. Tudo isto era real e tudo isto esta música começou.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Avatar, um excremento em 3 Dimensões

Ver o Avatar cansa. Este fim-de-semana fui ver o filme e fiquei com mais sono do que em qualquer jogo do Sporting. Não que o Sporting não me dê alegrias - ultimamente tem-me dado muitas - mas é um bocado chato estar ali a ver uma equipa inteira a arrastar-se. Mas há coisas que dão sono e são boas. Por exemplo, um copo de vinho do Porto logo a seguir ao jantar, uma massagem, um banho quente. Agora, o Avatar é que não era suposto transmitir essa sonolência. Até porque os Na'vi (os seres alienígenas de Pandora) são azuis e, por essa ordem de ideias, eles gostam é de se mexer, correr, dar murros e pontapés… Particularmente em túneis.

Desde a ideia inicial até ao produto acabado, passaram 15 anos de pesquisa, apuramento de novas técnicas, investigação e construção da história. Porém, se no aperfeiçoamento tecnológico esta década e meia foi bem empregue (os efeitos são inovadores e surpreendentes), na construção da história creio que teria sido preferível optar por contratar alguém que, de facto, soubesse o que estava a fazer. Bastava investir mais uns míseros dólares num bom guionista do que pedir a um qualquer Tozé Martinho de Hollywood para vomitar esta porcaria. Porque o cinema não se constrói apenas de grandes efeitos visuais, de imagens fantásticas de lugares inexistentes, de sons a percorrerem-nos os ouvidos. O cinema precisa, para espanto de muitos, de um cérebro. De uma história convincente e bem contada, que não caia na insistente repetição de clichés - tão bem descritos pelo meu colega blogger Marco Santos no seu Bitaites:

1.
Rapaz humano incorporado num avatar alienígena apaixona-se por guerreira alienígena, que também é uma princesa por ser filha do chefe? Sim. O amor é correspondido? Sim. Cliché número 1, variação da história da Pocahontas.

2.
Por amor à princesa guerreira, o rapaz humano vai assimilar a pouco e pouco os costumes eco-religiosos da tribo alienígena até se tornar em um deles, de alma e coração e avatar? Sim. Cliché número 2.

3.
O rapaz humano acabará por tornar-se num grande guerreiro que irá liderar a tribo alienígena contra a ganância e o militarismo dos humanos maus? Sim. Cliché número 3.

4.
O chefe dos humanos maus é mesmo mau, ou seja, não tem nem uma única qualidade que se aproveite? Sim. Cliché número 4.

5.
O guerreiro humano/alienígena conseguirá finalmente defrontar o chefe dos humanos maus num duelo final repleto de efeitos especiais? Sim. Cliché número 5.

6.
O guerreiro e a princesa ficam juntos no fim, e felizes para sempre ou pelo menos até à sequela? Sim.
Cliché número 6.

O que mais me entristece é saber que o
Avatar está a um pequeno passo de receber as estatuetas de Melhor Filme e Melhor Realizador na próxima edição dos Óscares, deixando para trás, por exemplo, o genial Inglourious Basterds e o grande Tarantino.

Apenas uma pequena nota:
Avatar custou 387 milhões de dólares – 237 em Produção e 150 em Marketing. O orçamento do filme foi superior ao Orçamento do Estado para a Cultura em 2008. Portugal gastou 245,5 milhões de euros na Cultura, a Fox gastou 270 milhões em Avatar.