sábado, 14 de fevereiro de 2009

DOR CRÓNICA
Amor


Hoje comemora-se o Dia dos Namorados e o Dia Nacional do Doente Coronário. Pode ser coincidência, mas eu acho que foi uma escolha muito bem pensada. (Sim, porque há um senhor algures numa catacumba que escolhe a que dias correspondem o quê – dia da árvore, do museu, das fotocópias e até do amor). Esta coincidência só demonstra que “o amor é uma doença”. E sim, “nele julgamos ver a nossa cura”. Pena não poder ser tratada com xanax e aspegic.

Este é o dia para os beijinhos e abraços de uns e para os Jack Daniels e cigarros de outros. Se há quem aproveite para passear com a sua cara metade, há também quem tire o dia para destruir a sua metade da cara. Pelo menos a de dentro. Porque, quem vê caras não vê corações. E quem vê corações não vê caras, é a talvez a única explicação para que a Manuela Moura Guedes seja casada.

O amor não pede licença para entrar. Entra e pronto. Mesmo que a porta esteja fechada à chave. No amor, passa-se o mesmo que se passa no caso Freeport. Todos são culpados, mesmo não havendo provas. Escolhe-se um alvo, manda-se uma carta anónima e acusa-se a pessoa de ter entrado no nosso coração e que agora não a conseguimos tirar daqui, e a culpa é dela, não deveria ter feito isso, amo-te, dói e nunca mais te quero ver, és má!

O amor é rápido, inconsciente e traumático. É tal e qual uma nódoa negra. Quanto mais carregarmos mais dói, mas dá um prazer do caraças e uma enorme sensação de alívio. Mas continua a doer no coração. Mas porquê no coração? Não se pode sentir amor com o rim, ou com o fígado? Tinha muito mais piada enviar uma caixinha de chocolates em forma de intestino, por exemplo. E até faria mais sentido. Tal como o amor, também dá muitas voltas, é maior do que o nosso próprio tamanho e tem o mesmo fim...

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