Para entender este “novo homem” é necessário uma breve abordagem a uma das suas teorias, a do “Super-homem”. Nietzsche entende que, com a emergência da época moderna, os valores baseados na moral cristã e na tradição metafísica começam a ruir. Simbolicamente, Nietzsche diz que “Deus está morto!”, eliminando, desta forma, todos os valores considerados como absolutos. Com a ausência de valores, o mundo e a própria existência deixam de fazer sentido. A solução, frente a este Niilismo decorrente da “morte de Deus”, é a criação de novos valores. Esses valores não são mais baseados na transcendência, mas sim na terra e na própria vida, mesmo sabendo que há dor e sofrimento – amor à fatalidade (amor fati). E aqui surge o conceito de Super-homem (Übermensch), uma doutrina de superação do próprio homem. Apenas um Super-homem poderia aceitar a vida tal como ela é e, ainda assim, desejar que ela se repita infinitas vezes.
Esta ideia de um Super-homem foi aproveitada por Hitler, porém, de forma completamente deformada, uma vez que o Super-homem nietzschiano não procura uma superação social mas sim uma superação do pensamento e da ética, o oposto defendido pelo ditador austríaco, que dizia estar a “acelerar o inevitável”.
Em relação ao transcendente, Nietzsche e Hitler diferem em larga escala. Nietzsche apoia-se mais na intelectualidade e razão humanas, opondo-se à Moralidade e à Religião. Por seu lado, Hitler era muito supersticioso e fomentava o culto do divino.
É um erro dizer que Hitler era cristão ou nietzschiano. A verdade é que tinha um desejo político baseado no extermínio dos judeus. Para levar a cabo os seus objectivos, procurou, em várias fontes, argumentos que o favorecessem. Uma dessas fontes foi a Filosofia de Nietzsche, especificamente a obra “Assim Falava Zaratustra”, que Hitler mandava distribuir aos soldados alemães nas frentes de batalha.
(continua)
André Pereira
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