No passado dia 8 de Novembro de 2006 decorreu, no Instituto Universitário Justiça e Paz, em Coimbra, uma conferência intitulada “Imprensa regional: que futuro?”, proferida pela professora Ana Tamarit Rodríguez, da Universidade Pontifícia de Salamanca.
Promovida pelo Secretariado Diocesano das Comunicações Sociais de Coimbra, esta conferência contou com a presença de muitos estudantes e profissionais de jornalismo da região de Coimbra, representantes de jornais como o “Diário de Coimbra”, “Campeão das Províncias”, “Diário as Beiras”, entre outros.
Tendo como base o tema “Jornalismo Regional”, Ana Rodríguez começa por afirmar que este tipo de imprensa não pode ser considerado de segunda categoria mas sim como diferente de todas as outras.
Num mundo em que a informação navega rapidamente por todo o mundo, a imprensa regional ocupa um papel bastante importante na sociedade, ao contrário do que dizem muitos analistas.
Dirigida a públicos menos numerosos, o círculo de influência é, obviamente, menor. Habitualmente, encontra-se afastada dos centros de poder e os conteúdos referem-se a contextos mais próximos do seu público. Por conseguinte, acede a uma cota de mercado mais pequena, obtendo menos receitas.
Esta informação global chega ao público de formas diferentes. Podemos definir três: descida das elites em cascata, ebulição desde as bases até ao topo e identificação com os grupos de referência. No cimo, encontramos as ideias das elites económicas e sociais. Seguem-se as ideias das elites políticas e governamentais. Como mediador de informação entre as elites e o “povo” temos uma rede de comunicação massiva, pessoal que transmite e difunde as mensagens. Na base desta pirâmide, temos os líderes de opinião a nível local e a estagnação do público e da massa. Logo, a informação, depois de ter passado todos estes níveis, não nos chega da melhor forma.
Esta hierarquia faz-nos pensar na questão da liberdade, uma vez que não acedemos à mesma informação que outras classes acedem. Segundo Ana Rodríguez, “não pode haver liberdade que não tenha informação suficiente para detectar a mentira”.
A oradora aproveitou para fazer a comparação entre Espanha e Portugal, no que diz respeito à importância da imprensa regional. Se, em Portugal, esta ainda não despertou, o mesmo não se pode dizer em relação a Espanha, que conheceu um forte desenvolvimento nesta área.
Esta globalização surge nos anos 80 (simbolicamente com a queda do Muro de Berlim), criando-se grupos multimédia que funcionam como um todo – “pensam globalmente, actuam localmente”.
Estes grupos mediáticos encontram-se implantados em quase todas as regiões, dedicando-se à imprensa, rádio e televisão. Não operam só na região de origem, mas tentam conquistar outros mercados.
Por seu lado, a imprensa regional actua em locais pequenos, com escassos recursos e poucos jornalistas. Depende, portanto, de uma economia que depende de inversões publicitárias do poder local e regional.
Apesar de tentar oferecer informação, a imprensa regional desinforma e entretém, sendo raramente contestada por outra notícia. Notamos, ainda, o predomínio de declarações (“Segundo X…”), como que defesa da sua própria profissão.
Os jornalistas locais são, na sua maioria, gente jovem, sendo os cargos superiores encabeçados por homens.
No final da sua apresentação, a professora Ana Tamarit Rodríguez concluiu com uma frase que marca esta conferência: “Quero ser optimista, mas entendam o meu pessimismo!"