segunda-feira, 20 de novembro de 2006

“Antes de Bolonha, os alunos eram papagaios amestrados”

A aula de Representações dos Media do dia 15 de Novembro foi diferente para os alunos de Comunicação Social do Instituto Superior Miguel Torga. José Henrique Dias, Presidente do Conselho Pedagógico do Instituto, dirigiu, a pedido do professor Dinis Manuel Alves, uma aula que rapidamente se transformou numa amena conversa entre o orador e o seu público.

“O Processo de Bolonha” foi o tema escolhido pelo Prof. Dr. José Henrique Dias para iniciar este diálogo com os estudantes. Como todos sabemos, este processo tem causado muitas reacções do mundo político e, essencialmente, estudantil. Todas estas ondas de discórdia são contrapostas por outras de completa concordância, nas quais se engloba José Henrique Dias.

“Com Bolonha, há uma mudança total de paradigma, tal como aconteceu na passagem da Medievalidade para o Renascimento e do Teocentrismo para o Antropocentrismo. Se, neste último caso, se passou de uma crença em Deus como estando no centro do Universo para uma crença no próprio Homem, com Bolonha surge-nos uma semelhante mudança”. É com estas palavras que José Henrique Dias inicia o seu discurso, captando, de imediato, a atenção dos alunos. “Tendo em conta as devidas proporções, antes de Bolonha o ensino encontrava-se centrado na figura do Professor. Só ele era o detentor do saber e tudo teria que ser feito conforme ele dizia, não deixando espaço para a livre pesquisa dos seus alunos, comportando-se como papagaios amestrados. É isto, essencialmente, que Bolonha pretende alterar, dando mais liberdade ao estudante para pesquisar, investigar e tirar as suas próprias conclusões, adquirindo diversos saberes e competências”.

Desta forma, continua o orador, “não se visa tirar responsabilidade ao professor, antes pelo contrário, que terá um papel decisivo na formação do aluno, uma vez que será mais uma ponte de ligação para o conhecimento.”

José Henrique Dias, nascido em Coimbra, recordou ainda com saudade os bons momentos da sua juventude e o seu início bastante prematuro no mundo do trabalho. “Os tempos eram difíceis e, como tive um filho muito cedo, tinha de ganhar dinheiro”, afirma o Professor. “Escrevi para vários jornais e até cheguei a fazer horóscopos e a vestir a pele de consultor sentimental”.

A conversa alongou-se durante cerca de duas horas, alternando entre momentos de transmissão de saber e momentos mais leves. Em ambos, os alunos mantiveram-se bastante atentos, colocando questões pertinentes sobre os mais variados assuntos abordados.

A capacidade oratória do Professor Doutor José Henrique Dias, bem como a sua inteligência fizeram desta tarde uma verdadeira montra de saberes que, segundo ele “não estão fechados em gavetas, mas sim em constante convivência”.

André Pereira

1 comentário:

Anónimo disse...

Tens tudo para ir muito longe, André! És um fenómeno! Um abração do João