segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

O equilíbrio entre o corpo e a mente

Caminho mental até à Índia

O Ioga é uma prática ancestral de origem indiana que visa diversos objectivos. Muitas são as pessoas que procuram o auto-conhecimento, o equilíbrio entre corpo e mente, a saúde física e espiritual e a comunhão com o seu todo. Por isto mesmo, existem dezenas de linhas de Ioga no mundo, que propõem não necessariamente caminhos contraditórios, mas sim, diferentes caminhos para alcançar os mesmos propósitos.

Rui Lopes é uma das pessoas que decidiu abraçar esta actividade. A vida que leva como professor de Educação Visual não o impede de dar aulas de Ioga no Centro Norton de Matos (CNM), em Coimbra. Convidado por pessoas ligadas à área, Rui Lopes decidiu aproveitar a oportunidade para transmitir o seu saber às pessoas que estão interessadas. “Tudo começou há oito anos”, afirma com uma certa nostalgia nas palavras. “Tive a possibilidade de participar em algumas iniciativas e comecei a entusiasmar-me”, recorda o professor. “Dado o primeiro passo, tudo vem por acréscimo”, conclui.

O Ioga já havia sido leccionado no CNM, mas, devido a vários factores, foi sujeito a um período de interrupção. Em Outubro de 2006, o CNM reabriu as portas a quem estivesse interessado em conhecer mais de perto tudo o que envolve o Ioga. Muita gente aderiu a esta iniciativa, atingindo mesmo cerca de 20 alunos por aula. Mas, para a maioria, toda esta curiosidade não passou disso mesmo. “Muitas pessoas têm uma ideia errada do que é verdadeiramente o Ioga”, argumenta o jovem professor de 33 anos. Contudo, com o decorrer das aulas, e após um “confronto” com a realidade, muitos alunos acabam por desistir. “Isto acontece porque o Ioga é um trabalho individual contínuo que requer muita concentração e empenho”, diz Rui Lopes. “E a maioria das pessoas quer aprender num curto espaço de tempo o que é preciso aprender durante anos”, continua.

Esta actividade está a atravessar por um período embrionário em Portugal. Nos inícios dos anos 60, já surgiam alguns pequenos grupos mas, devido à própria conjuntura que se vivia, não passou disso mesmo. Com o fim do fascismo, e após um período de abertura ao mundo, esta corrente foi-se integrando, de forma lenta, na sociedade portuguesa. Hoje em dia, poucos são os que nunca ouviram falar de Ioga. Porém, o número de praticantes ainda é limitado. “É necessário um período de adaptação por parte das pessoas”, sublinha Rui Lopes. “Afinal, o Ioga existe acerca de 7.000 anos, não é algo que se cria de um momento para o outro”, sustenta.

“O Ioga é uma forma de vida”

Rui Lopes, hoje professor de uma turma consistente de oito alunos, dos 25 aos 55 anos, sente-se feliz por ter escolhido este caminho. “A minha vida tem sofrido alterações constantes”, diz. Com um olhar seguro e uma voz adocicadamente calma, o professor afirma que a sua qualidade de vida melhorou de forma substancial. “Estar em Ioga permite viver de uma forma mais harmoniosa com tudo e com todos os que nos rodeiam”. Após um suspiro profundamente controlado, Rui Lopes afirma: “O Ioga é uma forma de vida”.

Teoricamente, o Ioga pode ser considerado como uma metodologia estritamente prática que conduz ao ‘samádhi’, ou seja, um estado de ‘hiperconsciência’, ‘megalucidez’, que só o Ioga proporciona. Tendo em conta as devidas proporções, o ‘samádhi’ pode ser comparado ao ‘nirvana’, do budismo.

O Ioga ensina, por exemplo, como respirar melhor, como relaxar, como concentrar-se, como trabalhar músculos, articulações, nervos, entre outros órgãos. Como alguém um dia disse, “o Ioga não visa resolver as mazelas do trivial diário e sim a grande equação cósmica da evolução”.

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